sábado, 15 de fevereiro de 2014

Piano de solidão


No mapa do rastreio insensato
desta imensidão
compactuo com o anseio
que devasta a eito
alma e coração.

Perdi-me entre a frase feita
e a estrada de sentido único do teu olhar,
onde a curva direita da tua boca nua,
enfeitada de rubor,
se esconde do abraço da minha lua,
vazia de amor…

São becos sem saída,
onde não nascem flores,
onde os resquícios dos desejos
me deixam comedida,
parca de carinhos,
viciada em vícios escarninhos,
numa existência entristecida de tanta dor…

Inventa-me a estrela guia
para o desassossego
das teclas deste piano moribundo,
e ateia-me o fogo perdido
na monotonia em dó maior
onde escuto o meu mundo…
melodia equivocada
do ruído das lágrimas
sobre o meu suspiro mais profundo.

E toco a brisa corrente
do perfume aprisionado em ti,
folha triste e caduca
que eu nunca senti…
e acordo do sonho
que nunca viste
com o travesseiro morno
de silêncio e aquele frio
vadio e derradeiro,
onde me inspiro
para escrever
o único acorde
que considero verdadeiro: só(l).

Rosa Alentejana
(imagem da net)

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