sábado, 30 de junho de 2018

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Príncipe da Lua


Declamo-te a rima mais doce
em quadras serenas

coloco o sabor a maçã e canela
nas sílabas amenas

e misturo as páginas
escritas com hífen
para te fazer sorrir

quando acordares do sono profundo
quero que descubras a dobra
da folha onde te disse “sim”

e que soltes a venda dos olhos
que contes as 100 horas
em reticências

depois, beija-me como príncipe
que a tua Cinderela aguarda-te
em cada letra sem nome…

Rosa Alentejana Felisbela
28/06/2018
(imagem da net)

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Photoshop


Cansados os olhos, raiados
procuram uma marca, um sinal

a prova definitiva
cabal
do valor da batalha infernal

mas a lei aleivosa
impeditiva
levanta uma mão imperial

dizendo num sorriso
lasciva
que não é nossa a razão, afinal

ditadura disfarçada, vivida
camuflada nas bancas
do jornal

mais um marco da história
parida por mais um pecado capital:

ganância de imagem esculpida
na fotografia para Portugal!

Rosa Alentejana Felisbela
27/06/2018

domingo, 24 de junho de 2018

Sou o sonho

Todos os suspiros caídos no silêncio que não vês são para ti, meu amor. Cada passo que dou na estrada empedrada da solidão, vai na tua direção. Cada olhar que se acende na noite escura surge para te anunciar o caminho. Cada sorriso que finjo amara na praia voraz da tua voz. Cada mergulho no infinito do oceano do nosso amor emerge para a brisa suave dos nossos corpos. Conheço de cor os movimentos de cada músculo, o traço vão da sombra e a cor lilás das veias. Mas a sede de cada gesto, a fome de cada trovão, mistura-se com o ar rarefeito da maresia. Sal copiado à imperfeição brota dos olhos perdidos no horizonte. Perdoa-me o som dos passos na areia fina. Perdoo-te o voo de liberdade. Visto as palavras com o vestido mais azul de que te possas recordar. Passo o batom rosa pelos lábios do templo do tempo. Calço as fitas dos filmes que fazemos. Aqui estou a teu lado, no céu cinzento que machuca a retina e transborda sem explicações. O tic tac tic tac do relógio vai ao meu encontro, com o ponteiro em riste, ignorando o perfume que tem o protetor solar, acusando-me de devassidão. Sinto a pele seca do sol que me amanheces, sem sequer me tocar. Tomo um duche demorado à chuva cadente das memórias. Hidrato-me quando te vir novamente no espelho do quarto. A imagem acalma-me a fragilidade, afinal sou mulher. Mas a minha força deve preencher cada razão que sabes acordar. Hoje quero sonhar e sonho. Sou o sonho feito para mim. E nada, e ninguém mo irá roubar.

Rosa Alentejana Felisbela
24/06/2018
(imagem da net)

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Coleciona dor


Recolho de novo as palavras
que disse - uma a uma -
como colecionador

dói-me a boca
dói-me a cura
doem-me as frases de amor

perdi gestos
perdi ternura
desfeitos em tanta espuma

amarei num mar de restolho
envolto num mar de bruma

acreditei novamente
que existia a palavra - só uma!

mas do amor existe nada
olhos nos olhos - os defeitos
são mais leves
que uma pluma

não acredito que morro
mais uma vez desarmada
recebi o tiro no peito
de braços abertos
desamparada

e novamente a partida
e novamente sem estrada
recolho as palavras
que disse
com a dor
e mais nada.

Rosa Alentejana Felisbela
21/06/2018
(imagem da net)

Chove

Chove. São gotas que aquela nuvem deixou que caíssem. Ela não sabe quanta injustiça carrega. Desconhece a verdade que as janelas guardam, e até a simplicidade resguardada pelas cortinas. Dentro da casa existe um coração triste, com a pulsação entrecortada pelos trovões que ecoam lá fora. Carrega o mundo aos ombros e não merece o frio e as lágrimas nas vidraças. E a nuvem, tão escura, tão carregada, tão cheia, derramando o seu interior na janela, sem qualquer respeito pela dor, ausente da solidariedade e do amor ao próximo. Separa-os a vidraça. O ar por dentro embacia os vidros e a angústia sobrepõe-se. Irremediavelmente, o coração chora por dentro de cada sorriso, o sangue circula em soluços e o músculo, sozinho, não quer mover-se. E de repente a chuva, chorando a sua azáfama no lado exterior da janela. O som da chuva aglomerando-se no peito da janela, o beiral jorrando lágrimas sobre a janela… Por dentro e por fora: chove.
Rosa Alentejana Felisbela
21/06/2018
(imagem da net)

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Perdidamente

A tarde corria mansa, descendo os degraus do por-do-sol. Uma brisa cálida roçava ternamente as faces da menina de 10 anos. A barragem gemia, num pranto arrepiado, a sua melancolia. A saudade movia-se com ares de superioridade, e quem sabe, até de alguma perversidade, nas suas engelhadas memórias: as faces coradas de vergonha, as mãos trémulas, o coração a bater descompassado, e as palavras “és tão linda” a arranharem-lhe os pensamentos. Voltando de um passeio, o eucalipto depositara-lhe a sombra no banco e, delicadamente, perfumara-lhe o primeiro beijo. Foram tantos dias roubados, tantas palavras tocadas com a leveza de uma pétala quase adolescente. Julgavam-se invencíveis, os reis do amor mais alto e seguro. Mas, a distância interpôs-se entre eles e levou a melhor. ”Bem-me-quer-mal-me-quer” muito, pouco, nada… Agora, quarenta e três anos mais brancos em alguns cabelos, umas rugas mais vincadas nas faces, Linda descobriu o que havia de saber para sempre: nunca tivera ninguém que a fizesse tão feliz e tão triste, ao mesmo tempo. Nem uma vida inteira chegaria para suplantar aquele tempo em que não tinha que cavar a terra, nem tinha calos nas mãos, e em que era ela a planta verde a crescer. Linda sabia que nunca tivera sido tão bela como no tempo em que amara perdidamente.

Rosa Alentejana Felisbela
20/06/2018
(imagem da net)

Opala


Levanta o véu do sorriso
e espreita a retina
- não existe o paraíso –
perdeste o semblante
de menina

escondes o sal, a espera
na derme na rede
engelhada
a dívida, o soluço, o mal
nessa rosa entalhada

proferes a palavra
- amor - como quem cala
o pão na boca esfomeada
e divide-la em segredo
pela senzala
- escrava da solidão -

tu que és como opala
solta a sílaba da língua
e deixa-a voar até ao céu
porque aí é livre - a mágoa -
que trazes no peito
- cicatriz do cinzel -

relembra a luz obreira
das veias dos versos que trazes
talha no mármore da vida
a razão – companheira
do que fazes!

Rosa Alentejana Felisbela
20/06/2018
(imagem da net)

segunda-feira, 18 de junho de 2018

O amor não se quer suplicado


Estranha é a vida sem lágrimas. Quando carregas uma missão, embora cheia de pedras, consegues voar. Mesmo sem súplica, porque o amor não se quer suplicado, mas livre! Após o momento de repouso, levantas a quilha e a fluidez do ar rasga-te ao meio. Há uma correnteza nas veias que azulam a realidade. A hora ardente da harmonia eleva-te a limites impensáveis. É a glória. Mas, se te falta a brisa do sorriso solar, se a imperfeição se interpõe entre as asas e o sol… Poderão derreter os ossos ocos…Correrão novamente as lágrimas, desta vez devido ao fogo-posto. Haverá necessidade?

Rosa Alentejana Felisbela
18/06/2018
(imagem da net)

domingo, 17 de junho de 2018

ideias abandonadas


Passam palavras a meu lado,
sem que me toquem ou queiram...
Definitivamente,
sou ponto poente,
rasgando ideias abandonadas.

Rosa Alentejana Felisbela

sábado, 16 de junho de 2018

Junina


Solta-se a cascata
da métrica
junina

uma hora, uma data
- a tua menina -

o teu ombro
o teu avesso

num som
num verso

e o tempo a galope
tal este amor
- bravio enfoque -

abraço apertado
desassossego
desejado

espelho maduro
da sorte
- que futuro?

Rosa Alentejana Felisbela
17/06/2018

Atena

Gosto de rasgar as palavras que me dás. Sobretudo as que falam de desprezo e retidão. Quem és tu para me costurar a verdade? Agora que penso nisso creio que há uma linha ténue entre o que dizes de verdade e a verdade que sentes. Por ironia, pode existir uma sílaba coincidente, um som ambíguo, um flash de “amizade” a cintilar nos olhos. Mas, quando o contrato textual prescreve, devido a um ataque de teimosia elevada ao cubo, a barganha é vomitada e fica nua. Sim, nua, sobre a mesa. Não adiantam as rendas púdicas e brancas da toalha, ou os guardanapos a condizer. Nem as boas maneiras e palavras “caras” te valem. Chegas a ser inconveniente na forma de endereçar injúrias, no tratamento medíocre que ofereces ao teu “semelhante”. Os copos de cristal quebram-se sob o teu hálito hipócrita e os talheres dourados adquirem aquele brilho baço que não enganam a limpeza dos pensamentos. A pior perversão chama-se “vaidade” e encontra-se no espelho que Narciso te ofereceu nas festas Juninas. Bem sabes, não tens o poder das Parcas…Mas acreditas que não precisas de ninguém! Lamento informar-te, não pertences a qualquer Olimpo. Aproveita a vida, olha sinceramente nos olhos cada palavra que dizes, abraça um pôr-do-sol, colhe um fruto maduro, saboreia uma realidade, bebe palavras sãs, vai correr pelas searas e sente na pele a brisa do mar. Temos tão pouco tempo para aproveitar… Porém, ofereço-te ambrósia para te adoçar a boca, um buquê de flores-de-laranjeira e um vestido de modéstia e tule. Talvez um dia, queiras ser a Atena cheia da sabedoria que tanto apregoas.
Rosa Alentejana Felisbela
16/06/2018
(imagem da net)

terça-feira, 12 de junho de 2018

Decifra


Passeia por longínquos locais
Enleva-se a alma nos cheiros
No fim dos caminhos para
Segura momentos alheios
Agora fecha a mão num “ai”
E recorda a pele e o sabor
Murmura o que sente e mais
Mostra o que quer, amor
Inscrita no poema, no muro
Molda o caminho, por favor!

Rosa Alentejana Felisbela
12/06/2018

domingo, 10 de junho de 2018

Português


És o meu “mar português”
que me mergulha
nas ondas de prazer
da nossa nudez

Meu “vento lusitano”
que me afaga
e que me afoga de mudez
num galope bem humano

Tens na língua
a “última flor do Lácio”
que me cultiva e que me mata
do prefácio ao posfácio

de fartura
e de ternura
em cascata
na minha timidez

Cantas-me o “fado português”
ao ouvido, à beira da boca
na mente, já dormente
de insensatez

“Se fosses só três sílabas”
amava-te para sempre
na doçura permanente
da languidez:

a-bis-mo meu
meu manso herói
afortunado de erotismo
cobiçado p’las marés…

Por ti percorro
de norte a sul
todo um país encantado
de lés a lés…

Rosa Alentejana Felisbela
10/06/2018

Expressões entre aspas de: Camões, Alexandre O'Neill, Miguel Torga, Olavo Bilac e José Régio

sábado, 9 de junho de 2018

Poeta banal


Dois potes de mel na voz
e uma guitarra a tocar na garganta
Olhos com asas negras de corvos
voando círculos em “v”
Nariz de pétalas que só cheira flores
no pensamento
Boca de canário rosado
corado de tanto amor pela vida
No peito cresciam raízes
de sonhos passados
e as mãos eram conchas
desfiando a harpa da insubmissão
com todo o carinho
Embriagava-se
quando a família se ausentava
há tanto tempo
Sobre os joelhos havia uma linha
separando o passado do presente
Enquanto os sapatos lustrosos
de tanta dor passeavam
nos olhos dos transeuntes
Vestia o fato impecável
dos mendigos
E desempenhava a sua personagem
como a caneta namora o papel:
era um poeta banal…
Trazia a luz do sol às costas
e um dicionário informal
no bolso,
para alguma eventualidade.
Um dia foi flechado
pelo cupido
pelas costas, à socapa,
e considerou um crime hediondo
ter a melancolia a subir-lhe
pelas pernas.
Ficou em silêncio, fumando
o céu coberto de escamas de peixes
e as lágrimas sufocando a desilusão…
A musa não correspondia
e desabrochava nas gaivotas do mar
e ele sentou-se numa pedra
para sempre
a pensar.

Rosa Alentejana Felisbela
09/06/2018
(imagem da net)

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Coragem


Ensina-me a ler
o caminho que leva
o caracol,
de cenho cerrado,
franzido,
esforçado
pela rugosidade
da árvore.

Porque leva a marca,
o visco,
no corpo mole
que se arrasta?

Porque não pega
na casca
com mãos de borrasca
e força o músculo
do busto
para chegar
ao sol?

Ele sobe e sofre
revezes
por minutos
horas, dias, meses
e nunca desiste!

Explica-me porquê
se o meu corpo
não lê
o tempo que passa…

Diz-me se dói
quando a aragem
se enlaça
e corrói
a verdade lassa…

Porque a boca
é muda
e eu…preciso de ajuda
para ter essa coragem!

Agora ensina-me
a ler
e a fazer igual
sem nada temer…

Subir, descer
e voltar
e sentir por um dia
que não há mal
na sorte tardia
que quero
receber.

Ou então amarra-me
ao tronco
da árvore
e deixa-me
morrer.


Rosa Alentejana Felisbela
08/06/2018

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Desculpem-me...

Desculpem-me aqueles que esperavam poesia, mas quebrei todas as palavras quando as atirei de encontro ao muro. Vingou-se o musgo, pé ante pé, mordendo baixinho os cacos e o caos profundo dentro de mim. Hoje sou mulher de exibir na dança das urtigas. Os meus olhos envelhecem na cor das papoilas, mas o meu corpo é hera subindo esse muro, querendo a luz. Que a tarde se ponha por trás e nunca anoiteça no nosso semelhante. Até logo.
Rosa Alentejana Felisbela

quarta-feira, 6 de junho de 2018

História


A história nasceu
da maiúscula

ao crepúsculo
de dois olhares

foi nascendo parágrafos
fez-se capítulos

e imaginares, lembrares
braços e pernas e lugares

abusou das vírgulas
e engravidou os pontos

ainda sonha em terminar…

Rosa Alentejana Felisbela
06/06/2018

domingo, 3 de junho de 2018

Por dentro


Por dentro da paz
o escuro da terra

a astuta destreza
a sanha, a vontade
que ferra

os dentes na pele
no mapa do corpo
a fúria tamanha

do fogo
ah o fogo!

a chama que te chama!

que te envolve
que é adorno, manobra

por cima, por baixo
o ar que se entorna

o mundo é incêndio
nos olhos de quem
tanto se ama…

Rosa Alentejana Felisbela
03/06/2018
(imagem da net)

sábado, 2 de junho de 2018

A Boneca

Nasciam, todos os dias, manhãs agoniadas pelo leite que a ovelha teimava em doar. Aquela ovelha: a que tinha o nome de “Boneca” e a quem a menina dava pão endurecido nas suas mãozinhas pequenas. A ovelha que acorria ao chamado e aguardava a carícia e as confidências da menina agoniada, pelo leite da manhã. Para ser franca, todas as manhãs, a menina acordava sem fome e sem vontade de se vestir, e sem alegria para ir para a escola. Na verdade, a menina adorava aprender a juntar as letras, a escrever palavras, a criar textos, a desenhar galinhas, a pintar patos e ovelhas. Raros se tornavam os dias em que os seus desenhos não enfeitavam os cadernos dos amigos. Na realidade, a menina não tinha amigos, apenas uma quantidade de “outras crianças”, com idades diferentes da sua, ou da sua idade, que frequentavam a mesma sala de aula, mas que pouco tinham em comum com ela. Sobretudo na hora do intervalo, altura em que lhe roubavam o lanche, a empurravam para um canto e lhe chamavam “nomes de gente crescida”, daqueles que ela não se atrevia a reproduzir perto dos adultos, sob pena de apanhar uns açoites. As suas amigas, verdadeiras, eram as meninas de timidez superior à sua, de cabelos cobertos de insetos estranhos, de nariz sujo e roupas remendadas. A mãe recomendava-lhe que não se aproximasse delas, pois os seus cabelos compridos, cujo brilho e perfume eram o orgulho dos pais, adquiriam, usualmente, habitantes clandestinos, devido à convivência com elas. Mas as suas roupas lavadas, nada tinham contra as nódoas dos vestidos alheios. Os seus sapatos brilhantes, não conheciam barreiras perto dos sapatos ornamentados por solas gastas. Ela só queria brincar em paz. Mas a paz, nada queria com ela. Quantas vezes travava a guerra, dentro da sala de aula, com o olhar feroz da menina da carteira ao lado? E, simultaneamente, o recreio era palco de agressões por parte de crianças mais velhas, constantes ameaças efetivas aos seus cabelos, pontapés verdadeiros às suas pernas de criança indefesa? Quantas vezes, o seu orgulho a impedia de contar à professora a causa da sua tristeza constante? E o motivo dos seus textos curtos – que eram causa de gozo por parte da menina de olhar feroz? E o embaraço causado pelas dificuldades nas contas de somar, de subtrair, de dividir – que se tornavam a altura mais apropriada para a gargalhada de todos? Que razões teria para ir para a escola? Sentia-se bem em casa, a ouvir o rádio com as suas músicas preferidas, que aprendia com a facilidade de quem está habituado ao palco. Preferia as tardes em que voltava da escola, com o corpo moído e as negras encobertas pelas roupas, para se juntar às confidências junto da “Boneca”. Ela sim era a sua melhor confidente: secava-lhe as lágrimas na lã grosseira, escondia-lhe os segredos nos olhos meigos…só não a podia aconselhar a dar outro rumo às suas manhãs agoniadas e a maneira de se ver longe das agressões na escola.

Rosa Alentejana Felisbela
02/06/2018
(imagem da net)

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Sonha…


Tiveste a sorte nua da lesma
subindo pelo musgo
da parede branca

a casa está em ruínas
o mato verde
toma conta do quintal

e a mesma pele sonha
com um raio de sol
beijando o azul e o areal

as estrelas orvalham a noite
e tu, sedenta e húmida
mareias os verbos

numa poesia que entorta
a língua, num passeio
profundo ao fundo do mar

de beijos inesquecíveis
pingando todo um oceano
lentamente, lentamente

como se o mundo esperasse
o amor feito de casca
ou de casulo, a borboleta ideal…

capaz de aconchegar um poema
uma redondilha maior
num pedaço de raiz que conforta

e sonha, sonha ser real!

Rosa Alentejana Felisbela
01/06/2018
(imagem da net)