Enquanto as nuvens se deitam
aos pés do sol moribundo,
venerando a fuligem do dia
que se espraia em apatia,
ergo o olhar um só segundo,
na fé que o amor me deu,
e antecipo o perfume do luar
inscrito a estrelas no rosto teu!
E nessa pele macia e morena
gravada a desejos no tato
da minha boca
sou brisa doida pelo vento
emanado dos teus olhos
quando, sem tempo,
me tocam e deixam louca…
E é no compasso dessa espera,
onde encosto a fronte quente
e febril,
que sinto a distância do espaço
entre o levante do teu mundo
e o meu ensejo pueril…
E se o orvalho se vier instalar
entre as íris deste fogo brando,
meu amor,
não foi porque a noite me veio beijar,
foi um simples deslizar da dor
vinda desta insensatez
que me vai queimando...
E não culpes as noites enluaradas
pelos meus ais mais profundos…
É essa a tua poesia a reverberar
nas telas pintadas pelo traço meu
e onde me deito como pobre
vagabundo
em busca da luz
do corpo teu!
Rosa Alentejana

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