quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Devir


Apenas o latejar das palavras mudas...
das desculpas inaudíveis...
elas descem pelo rosto da tarde
numa nascente que se fez mar...

Apenas a solidão é um véu ténue
que arde na pele
e começa a evaporar
a fantasia
no futuro do agora
sem forças para retornar...

Apenas a chuva...água e estrada molhada
da insónia
da noite anterior...
e aquela moinha que faz a mágoa
nas feridas
e a dor...a dor…

Apenas o balançar desgovernado
do barco remando
contra a maré
e o abalroamento
que faz do equilíbrio
o lamento
que não permite
ficar em pé...

Apenas o som gotejante
e ensurdecedor
que as penas fazem
ao cair
no cérebro em carne-viva
faz acordar o odor
a terra embebida
em devir!

Rosa Alentejana
(imagem da net)

Sem comentários:

Enviar um comentário