quarta-feira, 29 de novembro de 2017
Onde?
Onde está a manta feita
de grossas gotas de chuva?
E o perfume perdido
da terra molhada?
Nas tuas mãos,
meu soalho bendito
que me encanta...
Meu sobreiro maduro
de caule enrugado...
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)
Ser feliz
Meu amor,
eu tento…
proteger
os olhos de cisne
do vagar triste das águas
voltando as asas
num rumo lento
apagando o piar profundo
do poente
mas tu demoras
e a luz solvente amarra-me
amara-me, entendes?
e à boca do monte acendo
o grito da liberdade
onde me sento
numa busca silente
é vago o vulto
quase quente
daquela hora em que foste
embora presente…
murmuro a privação
e tento
meu amor
ser feliz
novamente
Rosa Alentejana Felisbela
29/11/2017
(imagem da net)
domingo, 26 de novembro de 2017
Aurora nascente
sábado, 25 de novembro de 2017
Da brandura
sexta-feira, 24 de novembro de 2017
vida
quinta-feira, 23 de novembro de 2017
Atual
quarta-feira, 22 de novembro de 2017
Vazio
Padrão que se repete
verso vírgula
lembrete
- poesia da solidão -
transcende os poros
- falsete -
corrobora a canção
homenagem ao vazio
desaparecido
sem explicação
perpetua-se a palavra
em pedra polida
- mármore -
sobre o chão
abraço que devora
esquecido?
Não.
Rosa Alentejana Felisbela
22/11/2017
(imagem da net)
terça-feira, 21 de novembro de 2017
Piada do dia:
Hoje desloquei-me à Bomba de Gasolina onde habitualmente abasteço o meu carrito e aconteceu algo inusitado. Costumo pagar antecipadamente para não ter que estar com o cuidado de ver se não ultrapassa o montante que quero. Cheguei e apresentei os cartões e descontos que se utilizam nestas situações, e o senhor perguntou-me o que queria. Eu respondi o montante que queria de gasolina. Ele perguntou-me se era da simples ou da especial, e eu disse pretender da especial. Fiz o pagamento e saí. Momentos depois, fui buscar a “pistola” (não sei se é o nome correto rs) e…não funcionava. Voltei a coloca-la no lugar e tirei novamente. Nada. Gesticulei para o senhor e ele gesticulou para mim. Nada entendi. Voltei a tentar e nada. Entretanto, a loja tinha lá uns 4 senhores a pagar que foram saindo e olhavam para mim com um sorrisinho estranho. Comecei a ficar incomodada. O senhor da Bomba veio então cá fora e disse:
Senhor - A senhora está a tirar gasolina!
Eu - Sim!
Senhor – Mas não me pediu gasóleo?
Eu – Não…Recorda-se que até me perguntou se eu queria normal ou especial?
Senhor (aflito) – Ah desculpe! Foi erro meu!
E lá foi mexer “onde deveria” para eu poder abastecer.
Quando terminei estava um bocadinho irritada e um bocadinho divertida. Então os senhores que iam saindo estavam certamente a pensar “coitada, é mulher…nem sabe o que pediu ou não sabe ler”…Nenhum teve a amabilidade de me dizer absolutamente nada!
Acham normal????rsrsrsrs
sábado, 18 de novembro de 2017
Preconceitos
Vamos colocar a questão
De um prisma diferente
Se todos temos coração
Qual é a diferença na gente?
Se num RX o esqueleto
Fica exatamente igual
Quer seja branco ou preto
Qual a diferença afinal?
Se nas análises ao sangue
Vemos que tem a mesma cor
Queres que não me zangue
Quando há distinções com rancor?
Se todos têm progenitora
E um pai dá a sua semente
Porque deixámos outrora
Existir estratos na gente?
Se as lágrimas displicentes
Dos olhos de qualquer pessoa
São todas transparentes
Digam-me qual é má ou boa…
Cada um possui sua raça ou etnia
E ninguém deve ser segregado
Pela sua religião, sexo ou cidadania
Cada um é igual e deve ser civilizado
Mas começa pelo berço
A moldar a mente a teus filhos
Ou podes rezar 20 terços
Que sempre haverá sarilhos…
E lá está o ADN a comprovar
Que somos todos uma família
Igualmente devemos tratar
E não criar qualquer quezília
Rosa Alentejana Felisbela
18/11/2017
(imagem da net)
sexta-feira, 17 de novembro de 2017
Chuva
Encontro-te no lugar
de sempre
é final de dia
e o horizonte irrompe
no seu latejar
de nostalgia
ali está o mar de sementes
cansadas de tanta sede
na sua palidez
desmesurada
atraca novamente
a saudade no porto
que esconde o teu nome
e as amarras
de arame farpado
ferem o barro esgotado
das minhas mãos
vejo cair o crepúsculo
numa folha de outono
e uma papoila morre
sem conhecer o teu rosto
parte novamente uma cegonha
carregada de beijos meus
quem sabe se um dia
chegará ao destino?
quem sabe se as nuvens
se emocionam com o perfume
das minhas lágrimas?
Rosa Alentejana Felisbela
17/11/2017
(imagem da net)
quinta-feira, 16 de novembro de 2017
Altruísmo
quarta-feira, 15 de novembro de 2017
Tempo
Procuras
Julgas conhecer
todo o meu vocabulário
e que já não há palavra
para demover o teu silêncio
mas acredita que cada verso
polido e arbitrário
confere ao meu discurso
a fluência
que têm as lágrimas obscuras
e que a sombra
produzida pelo verbo aceso
é alternativa clara
que sustenta a cal pura
do muro aberto aos dedos
de quem se revê na ternura
e a brisa espalha sílabas
de pedras lisas que se empilham
num equilíbrio de pontes
de palavras futuras
deixo-as cair
sobre a página regularmente
num baile anunciando
a inocência do rodopio
do rio que procuras
Rosa Alentejana Felisbela
15/11/2017
(imagem da net)
segunda-feira, 13 de novembro de 2017
Sós na pluralidade da guerra dos outros
Protejo a bala abraçando a arma porque a tua voz, retornada, me alucina o pensamento. O medo em barda defende-me o peito, atento ao movimento dos dedos destemidos… Choro a lágrima da criança alheia à miséria, debatendo o tom do choro conforme a fome de alimento, ou amor, ou calor. Cerro os dentes como quem guerreia pela posição mais exata de cometer o crime da gula pelo aconchego. Mas a roupa colada ao corpo enregelado já perdeu o rumo na escuridão. Não conhece a cor do chão entranhado até à mácula da alma. Porque nenhum músculo compreende a suavidade de uma cama macia. Nem um único olhar consegue descortinar a raça da pele rasgada. Os pés correm ao movimento dos canaviais cravados até às moléculas infernais do sofrimento. Haverá um arco-íris por trás do monte da noite? Haverá uma voz que diz “anda, aqui ficas segura” no final da linha escrita a fogo e balas com sabor a limão verde e a suco gástrico coberto da neblina fria de fuga? Somos tão sós na pluralidade das guerras dos outros…
Rosa Alentejana Felisbela
13/11/2017
(imagem da net)
domingo, 12 de novembro de 2017
Cozinhar sonhos
sábado, 11 de novembro de 2017
Ponto branco
quinta-feira, 9 de novembro de 2017
O império da saudade
Há um equilíbrio perfeito
nas notas da canção
que a circunstancia suspende
no timbre da voz
essa que perdeste reverbera
essa que perdeste entoa
a solidão
atroz
mais do que um cântico
perpendicular à terra
ressoa na chuva
cadente…
e a saudade
simplesmente impera,
se a sentires nas nervuras
da mão…
Rosa Alentejana Felisbela
09/11/2017
(imagem da net)
quarta-feira, 8 de novembro de 2017
Da fonte à doçura
Há um crescente
de sede fresca
aceso entre os juncos
altar de pedra
de fonte abundante
onde bebo
o teu nome
tento não o secar
de avidez
percorres as duras fissuras
que a terra abunda
em fuga abrupta
e o músculo do desejo
tonto
recebe a ternura verdejante
e pura
e eu beijo a pedra
que venero
fortifico o ventre
floresço
e frutifico o amor
plena de pomos
de doçura
Rosa Alentejana Felisbela
08/11/2017
(imagem da net)
segunda-feira, 6 de novembro de 2017
Nome
Bailam-me abismos
à beira da boca
nuvens de nadas
nidificam-me nos olhos
chávenas de chuvas
num choro louco
leques calando
o calor do colo
e a sorte lançada
é lança que balança
o corpo, a cal da casa
no incómodo caminho da fome
não me cales, não te cales
voa nas asas da alma
chama o meu nome!
05/11/2017
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)
domingo, 5 de novembro de 2017
Os teus poemas
Guardo tudo o que sinto.
As lembranças borboleteando
na almofada perfumada
de eucalipto e alfazema dos teus poemas…
Os cabelos desajeitados
da tarde quente cobrindo-me os olhos
de fonemas, nos teus poemas…
Os corpos amarrotados, sedentos de consoantes,
ajoelhados sobre os lençóis de folhas
mergulhadas em morfemas dos teus poemas…
O chuveiro desarrumando os corpos
inventados de dilemas,
entre o ficar e o partir…dos teus poemas…
A cumplicidade das gargalhadas proscritas
e as escritas exaustas de amor,
como fitas de cinema…nos teus poemas…
A verdadeira mentira da saliva misturada,
por sistema, nos beijos
entre terra e mar das fabulações dos teus poemas…
E aquele abraço e o pedaço
levado para o grafema gravado…nos teus poemas…
Guardo tudo o que sinto e tudo
é tão puro como cada verso calado…do meu poema!
05/11/2017
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)
sábado, 4 de novembro de 2017
Ferida
Limpa-me a ferida
que a farpa desenhou
na minha pele
enxuga-me o sangue
lambe
se necessário for
corrigindo o trajeto
da pressa que a compressa
percorreu
revelando a dor
que o teu hálito
antissético teceu
quero que saibas
que o penso rápido
não cura, mas procura
a fissura para vedar
a forma ímpar
que temos
de nos entender
e amar
Rosa Alentejana Felisbela
03/11/2017
(imagem da net)
Perpetuado
Estudei milimetricamente
a voz do teu corpo
sazonado
como se assim pudesse
achar o perfume
dos nossos peitos sincopados
movidos a certezas lentas
em quartos de lua
que a memória reinventou
e recriou num manso roçar
de lábios, num suave
crepitar dos dedos hábeis
mas não encontrou
o argumento
por dentro dos abraços
que nos descrevesse
como atores ímpares
do filme que nos foi
furtado
e recorri ao rasto
dos fios e linhas que nunca
foram quebrados
e inventei as fitas
coloridas das metáforas
e fiz laços
assim continuaremos
ligados
pelo amor às entrelinhas
num final feliz
que se alinha no poema
eternamente perpetuado
Rosa Alentejana Felisbela
04/11/2017
(imagem da net)
sexta-feira, 3 de novembro de 2017
Até já, meu amor
Pretendo matar o poema
da memória:
disparo vogais, à queima roupa
e pronto, fim
da história
mas a sílaba silente e rouca
fica latejando num frenesim
dentro do peito
e tolda-me a visão
escorre-me pelo leito
da boca, onde bombeia
o coração
de súbito renasce a guerra
acesa pelas letras arrumadas
no gatilho da tua mão
murmurando o meu nome
- Perdão!
E eu, soldado raso do amor
deixo fugir a nudez
a alma pura na palidez
exangue de versos
mas plena de abismos
maiores, de solidão
e sopro para longe a ausência
e abraço-te longamente
no perfume de um cravo
que te coloco na lapela
como se te vestisse de mim
uma vez mais
e tu dizes:
- És um caso sem solução!
E sorrindo atiras-me
um beijo
por trás do portão…
Rosa Alentejana Felisbela
03/11/2017
(imagem da net)
quinta-feira, 2 de novembro de 2017
Renovo
Reitero o caminho
bruxuleante das sombras
fálicas, fendidas
fascinantes
emergentes
contidas nos orgasmos
das sementes
lascivamente
deitadas nas poças
na entrada das casas
correndo p’los regatos
p’los corpos
e p’lo cio dos gatos
por cima do fumo
do usufruto
das lareiras
cismando no ronronar
a gemer sem parar
dos telhados
ao ritmo dos rastos
deixados em cada ventre
a florescer
Rosa Alentejana Felisbela
01/11/2017
(imagem da net)
quarta-feira, 1 de novembro de 2017
Depois das cinzas
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