sábado, 31 de agosto de 2013

"Rendez vous"


Ontem adormeci nos braços da felicidade, embalada entre beijos e carinhos soprados aos ouvidos do meu inconsciente.
Na fronteira da vontade escolhi um caminho, criei a sintonia entre as nossas perceções e tornei-me pintora alucinada do presente.
Coloquei a visão nas pontas dos dedos e o sabor nos lábios da minha pele.
Esqueci a visão pousada nas pálpebras e escondi a razão no pote ao fundo do arco-íris, assim sentia e pintava melhor…
Peguei nas cores e verti-as no mar macio e murmurante que tens para me doar…
Tal como esperava, viste ao meu encontro, despido do dia que acabava de partir. Envergavas a noite das constelações salpicadas com as mesmas cores do meu vestido.
Alvos da magia da Lua, os nossos corpos entreolharam-se num compreender antigo, como as almas, que gémeas se tornaram no início dos tempos.
Envolveste-me no véu sagrado, de desejos colorido, e embarcámos na viagem sem retorno de prazeres e gemidos…rendidos à pintura dos nossos sentidos!
Acordei com o sal na pele e o silêncio delicioso no olhar…fomos, mais uma vez, o sonho pintado na tela do nosso amar. Farrapo de fantasia encaixado na pura loucura, criada pela ilusão, das duas metades de um mesmo coração!
Hoje, de madrugada, sorri ao dia, pois, de outra forma não o saberia encarar.





sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Capitão do meu mar de sensações


Mordo o lábio em reverência comedida, ante o olhar nublado do desejo que me aconchega em lençóis de querer!
São as palavras-brasas ardentes que me aquecem as noites frias e geladas, neste inverno que me sufoca…
Trago os pés nas nuvens da imaginação e os olhos no iluminar que me acende o caminho a trilhar…
Quem sabe se inconsequente barco de noz vadio, ou cruzeiro veloz de mês quente a zarpar de nós, ao sabor da maresia?!
Vestes o uniforme de Capitão, e neste momento, comandas o ar que respiro no mar de sensações.
Despes-me o poema da alma em pequenos toques de dedos suaves, enquanto o mar de sílabas impudicas se espalha na linha ténue de mim, sem saber!
Sabe-me a boca a ar rarefeito e aos teus lábios numa carícia…por dizer!



(imagem retirada de Wealthy chinese hiring wet nurses for daily doses of human breast ...)


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Embriaguez



Embriagas os meus dias nesse mosto perfeito
do doce algodão de que é feito o nosso leito...
e essas delícias que guardas na tua boca
néctar divino do céu onde a língua toca,
percorre-me o mar inteiro, perdido, sem fim
das volúpias safadas quando prendes em mim
esse olhar penetrante que só tu sabes fazer,
ambrósia dos deuses que, para sempre, quero ter!
Afasta-me o véu de pura seda que me enfeita,
confunde-me as sílabas com a tua prosa perfeita.
E na brisa suave do entardecer, verte o teu vinho
na boca do meu ser, e transborda-me de carinho
porque, amor, és tudo o que quero
nesta doce embriaguez do teu olhar que venero!


(imagem retirada de juancarlosvaldes.altervista.org)

Vulcão das minhas horas absurdas



Faz do livro das minhas memórias
A tua doce, terna e quente morada
Sendo o Herói alado das histórias
De que me alimento, desesperada!

Faz da minha alienada alegria indecisa
Uma explosão tal como a do louco Vesúvio
Regando a minha veste de Sacerdotisa
Num inundar fantástico, qual Dilúvio…

Já me sobram as lembranças aparentes
De lava quente em meu corpo desnudo
Oferto-as aos meus devaneios ardentes
Onde o meu desejo se esconde…mudo!

Como Rainha e ímpia Sacerdotisa,
Caminho no mar de lava incandescente…
Meus passos leves como a suave brisa,
Aguardando o Sacrifício consciente…

Porque tu, meu Herói imaginário e destemido
Coroas o Vulcão adormecido e solitário
Das histórias do desejo prometido
Onde ergo o meu mais belo Santuário!


(imagem retirada de dolcemylly.wordpress.com)


Soneto à estrada florida



Nesta estrada colorida caminho com vontade.
Sigo os teus passos silentes, por mim amados,
Ao ritmo das pétalas que caem dos lírios da saudade,
Essa que vais vertendo, lentamente nos prados.

Tento alcançar-te guardando para mim cada flor,
Segurando num bouquet de pureza e candura…
Mas nem reparas que me atormenta e causa dor
A tua ausência de atenção, estima e ternura!

E olho com atenção para a simplicidade da margarida…
E sinto o aroma do desejo da orquídea do Equador,
Contido nesta estrada onde caminho perdida…

Diz-me que da minha presença és conhecedor…
Dá-me a rosa da felicidade e do pecado,
Caminha ao meu lado na estrada meu amor!



(imagem retirada de blog.libero.it )



terça-feira, 13 de agosto de 2013

Bom dia!


Esgueirei-me pela janela que dá para o sótão do rio da minha ausência, só para estar perto de ti…
Desci a parede, pela hera crescida com o tempo…e numa corrida desenfreada alcancei o caminho do meu querer!
Soltei as amarras do barco, galguei a amurada em passos largos, remei contra a maré do meu início de dia e fiquei ali. Parada. Em silêncio. De olhos cerrados e lágrimas teimosas. Não as soltei! Apenas libertei algumas lembranças, com a intenção de me aquecer…
Mas não chegou…o abraço do teu calor…
Senti…o estrondo da porta a abrir o meu coração…espreitei, e a dor da saudade abalroou-me como corrente nervosa os pensamentos…
Preciso de ti…segredei com um sussurro, audível demais, nas têmporas da minha solidão!
Despi-me das pressas e arrastei-as pelo chão, num ato de derradeira rebeldia…
Esperei o teu sinal…que ainda não chegou…apesar da loucura do tempo amarfanhar a nossa vontade…sei que ele há de chegar em alguma altura!
Olhei para o ecrã e vi a frase “bom dia”…e foi assim que começou…


(imagem retirada de gruppi.chatta.it)



Faltas-me...

Anda, dá-me a tua mão perfumada
De tanta saudade e desespero…
Foi na minha Língua apaixonada
Que expressei os dias em que te espero!

Anda, dá-me o teu abraço quente
Queima as minhas lamentações no nosso fogo…
Vem agora, não fiques mais ausente…
Mata o meu querer e os meus desejos logo!

Sinto a tua falta e dói-me demais
Olho o mapa e pergunto-me “onde estás?”
Estarás em Sintra, Paris, Minas Gerais?
E o teu afastamento só dor me traz…

Mas sempre que voltas e no retorno guardas
Junto a este frágil coração os teus afagos…
Sinto um calor DOCE vindo das estradas
Que me conduzem aos teus abraços!

E entregamo-nos aos beijos libertinos
Nas nossas bocas feitas de MEL e pratas
Devassos lambuzamo-nos nos desalinhos
Da verdade dos Segredos com que me idolatras

Sorrindo pego na tua mão aromatizada
Aquela que, todas as vezes me ofereces…
Acalmo o corpo e com a alma extasiada
Tomo novamente o VENENO com o qual me enlouqueces…

(imagem retirada de loveyou1.altervista.org)


domingo, 11 de agosto de 2013

Tempo ignoto


É o teu jeito de me encantar
Que me canta melodias de vento
Sopra-me beijos de mel e mar
Afasta-me a tristeza e o lamento…
Entrega-me os sonhos molhados
De delícias e tantas procuras
Removendo grilhões e armaduras…
Ó ignóbil noção do tempo ardente!
Que me afaga em dias de solidão
quando te ausentas impiedosamente
deixando livre este meu coração…
E nesse templo da tua voz desconhecida,
que me atormenta e conhece tão bem,
que me sonhas e me tornas comovida,
na febre de desejos que me contém,
confesso: quero-te tanto e tanto
que nem tempo existe no contratempo
de não te ter…pois na esperança do quebranto
em que vivo…sonho a saudade de um dia te ver!

(Imagem retirada de erosdolcepassion.altervista.org)

Concha

Sou apenas uma concha
No fundo do mar

Vazia de amar
Mas cheia de fé
No teu olhar
Desconhecido

Embrenhado na maré
Insensato e encantador
Martirizando-me
Com palavras de amor…

Sou pérola pura
Guardada em tons
De ternura
Para ti!

Apenas tu irás abrir
O meu sonho
O meu mundo
E tudo o que estiver
Neste mar profundo
Até o meu sorrir!

Confortam-me os teus beijos
De algas e seixos
Com sabor a canela
Mel e hortelã
Que maravilham cada noite
E cada manhã…

Neste azul de delírios
Onde moro tão só
Aguardo que abras
Este tesouro
Pleno de desafios
De ouro
E pó…

E…concha que sou
Marulhando no anseio
Espero que descubras
Onde moro
E volteio

E abras grilhões
E fados distantes
Porque as fases
Da lua
São estes breves
Instantes
Em que falas e escuto
E leio!



(imagem retirada de mondocounseling.blogspot.com)


Porque está calor...


sábado, 10 de agosto de 2013

Meu porto da boa esperança



Incapaz de esperar pelo ar
que respiras ao meu redor…salivo…
Tenho uma sede no olhar…
acho que a boca não aguenta a distância
entre o teu desejo e a minha vontade…
de beijar!
Impaciente, soletro o sonho ao teu ouvido,
para que o consigas,
por fim, escutar!
Sinto-te no toque suave
da minha pele lisa e perfumada,
quando me olhas com o teu jeito
de águia delicada,
mas nas mãos tens o fogo
de fera enjaulada!
Sinto-te no arfar inquieto
das palavras molhadas
e insinuantes,
e escorres-me pelos dedos
no tempo que não basta
para viver esses instantes!
Quero esse carinho
no centro do querer,
que é meu porto da boa esperança,
por dentro, a arder!
Já não tenho mais recato,
nem polimento socialmente correto,
sou escrava do pecado na prisão
da tentação inconsequente
deste desejo…secreto!


(imagem retirada de palavrearintenso.blogspot.com)

Sol borbulhante em banho de espuma


Mordo os morangos da tua boca e sinto (louca) o doce chocolate que da tua língua emana…desejo que quer, e não reclama, num desassossego profano.
Lambo docemente o champanhe do teu corpo suave, viril e ternurento, onde me embriago no embalo mundano, da taça que ergues subtilmente…
Sinto o perfume da rosa formosa, que delicadamente me colocas nos cabelos, junto com o aroma das velas e incensos que me envolvem em suspiros eternos…
Mergulho na tranquilidade desse banho de espuma das tuas palavras (poemas distantes) que envolvem meu corpo em prazeres hesitantes, mas que a todas as horas se fazem presentes.
Aguardo o ocaso do teu sol borbulhante no acaso da vida…minha água corrente…neste banho de verão com sabor a outono, numa noite de amor que se quer para sempre…

(imagem de regianiesoterica.blogspot.com)

Gaivota perdida...



Concentrada no céu alentejano
Sentada na rocha que dá vida
Bafeja-me um delírio profano
De uma gaivota que vem perdida

Rodopios de sombra e cor
Envolvem o meu triste olhar
Roçar de asas, olhar sonhador
Num simples e manso piar

Se a gaivota me trouxesse
O teu céu e a brisa do mar
Talvez em mim coubesse
O desejo de novamente amar

Mas só o vento acaricia
O trigo, o girassol e o chão
E tal como uma magia
Arranca-te da minha mão

E torno a ver-te… voar
Partir para longe da ilusão
Foi bom? Soube-me a mar
A sal das lágrimas do coração

Pousam meus olhos no sol poente
Esperança roubada, mais uma vez
Pés confinados ao meu presente
Na certeza apenas…do talvez!


(imagem de www.cristianecardoso.com)

Intensa chama de mim...

Verão
Quente…
Como as roupas
No corpo da gente

Janela
Aberta…
Com o terno frescor
Das brisas inquietas
Amor…

Música
Inebriante…
Como um rastilho
A arder no céu
Brilhante…

Se te quero?
Desejo…
Inesperado perfume
Colado à pele
De um beijo…

Diz-me…
É meu o braseiro
Sôfrego dos teus cantos?
Marca…
Inteiro…
O verbo intenso do amor
Em todos os meus recantos…

E reclama…
Para ti…por fim…
A perdida chama
De mim…

(imagem de asasdosversosereversos.blogspot.com)

Encaixe perfeito



Vem…adaptar a minha poesia à tua, num ajuste delicado de sílabas nuas…
Enquadra cada verso meu no teu inverso, como metades completas…
Encaixa as vogais das nossas bocas em interjeições de puro prazer…
Ampara-me as metáforas pintadas em discursos subentendidos no nosso segredo…
Preenche-me as lacunas dos desejos, combinando as curvas das minhas palavras com as tuas, diminuindo a distância entre o teu sorriso e o meu beijo…
Enrosca o meu côncavo no teu convexo, na perfeita imagem descrita no nosso…amplexo!


A sedução de Morpheu



A hora vai adiantada
e Morfeu aproxima-se com o seu veneno de escuridão,
percorrendo os meus sentidos sós,
sem perdão…
Meus olhos tentam abrir e as pálpebras,
teimosas, impiedosas,
insistem no baile,
qual borboletas moribundas junto da luz que não abunda…
Brinda-me a noite com sinais de luz nas palavras doces,
com as quais me lambuzo,
e que me escorrem pelos dedos famintos…
Alivia-me a dor da pele melancólica,
num convite que não sei interpretar,
sem que o tremor da atração se expanda por cada partícula
de arco-íris encantado do meu olhar, velado…
Entrego-me, envolvo-me, saboreio sem receio…
Se o sono não estivesse a chegar,
diria que és o sonho prometido
que teima em não me abandonar…
Mas…meu anjo da escuridão…
deixa-me ver o teu rosto
antes que eu adormeça e me esqueça…
e me roubes o coração…para sempre!


(imagem de baramarabo.blogspot.com)

Suspiro

(imagem de *kingabrit on deviantART)

Suspiro

Acordei com o sol nos olhos e o perfume da tua presença no ar que respiro num simples suspiro.
E senti-me alegre, como um pássaro livre que se desloca na imensidão aérea da minha paisagem verdejante, em tons de primavera teimosa…e gulosa!
Hoje eram belos os montes, os vales e as planícies. Estas, misteriosamente inclinadas, mostravam-se expectantes para te verem passar num sopro…como quem vibra no mesmo lugar!
Até sorri um sorriso tão sorridente, que me vi forçada a proteger os ouvidos, não fosse caso de a felicidade me escapar por entre as mãos erguidas, numa prece de agradecimento…ou de lamento? Não sei…
Até o céu, apesar da trovoada, se abriu num sorriso em forma de arco-íris para te olhar e te enfeitar o caminho…depositando no teu colo um bouquet de carinho!
Mas as gotas de chuva vieram depor, com brandura, a tristeza no meu olhar…e o vento, zangado, zombou de mim numa gargalhada de desencanto…quebrando o quebranto em que eu estava a mergulhar!
O que fazer, quando os elementos não se cruzam com o caminho traçado na esperança distraída nos cumes da vida?
Abandonam-se os montes, secam-se as fontes…e num queixume sereno aguarda-se um novo entardecer…apenas as lágrimas queimam as minhas faces nas cinzas que ficaram no meu corpo a arder…
Já não sei se é noite no meu dia, ou se as sombras que a mim se colam suspeitam que haverá um novo sol amanhã…debitando fracos fios de luz numa morte por morrer…
Sabe-me a boca a mosto do teu vinho que jamais irei provar, porque o desejo é sonho de um dia por inventar e eu…não sei quantas vezes me embriago no verbo de um simples olhar…
Perco o tempo entre a tristeza e a desilusão e contigo…perco a noção do tempo inscrito em sílabas de um livro de páginas por escrever neste dia…em que suspiro, e nem vi que estou a entardecer.

Passeio à beira mar...

Hoje quis sair…
Largar as janelas
Deixar-te ali, a sorrir…
Peguei nas chinelas,
No corpo levei um vestido,
Um chapéu sobre o sorriso,
E um rumo meio perdido
No silêncio que preciso.
Escolhi a beira-mar
E senti a brisa vinda do Equador
Enquanto andava a passear…
Pois, fustigava-me o calor
Nos labirintos da minha mente,
Como resquícios de canela
Lambuzada nas dunas à minha frente…
Descobri que tens a tutela
Dos meus pensamentos!
Sorrindo corri pela beira-mar
Esqueci os meus lamentos
E abracei-te sem hesitar
Pois, descobri que vieste comigo,
Embrenhado nos meus cabelos…
Sussurrando-me a palavra “amigo”
Colecionando conchas de afagos…
Percebi que o perfume
Que dança nos olhos meus
É apenas um doce lume
Cintilante dos olhos teus…
E se…me inspiras…
Não te quero deixar
Dou-te a mão que procuras
E ficaremos a celebrar…este (a)mar!


(imagem de ego.globo.com )

Manta de retalhos


Olho para o meu horizonte
E apenas vejo uma manta
De retalhos aqui defronte
Nada mais na vida me espanta
Apenas os verdes e castanhos
Tons da minha terra sofrida
Uns cosidos com enganos
Outros com linha corrompida
Cada recorte feito com perícia
De quem costura ao serão
Unido a outro com malícia
E a outro com pontos de solidão
Alguns sobram em desassossego
E que hei de fazer-lhes então?
Sei que não devo criar apego
Aos que me podem trazer desilusão
Mas qual zelosa costureira
Costuro com os olhos a arder
Pois não passo de verdadeira
Observadora do TEU viver
E ainda que os meus olhos chorem
Costurar é o meu destino
Retalhos de palavras que te chamem
Meu amor, meu amante, meu menino…


(imagem de http://www.diplomatatours.pt/imagens/hoteis_de_charme/alentejo.jpg)

Charneca florida




Brilha o sol naquela charneca florida
Perfumada de lavanda e de açucenas
Envolve-me a frescura da pura vida
No brando correr da fonte das penas


Sinto o estremecer do cântico de mel
Dos teus poemas fluindo em mim
Esculpidos da tua mão com cinzel
Venerando da minha boca o Sim


Mas esconde-se o perfume nos montes
Pelo meu olhar perpassa a tristeza
Apaga-se o brilho…secam-se as fontes
Oculta-se a beleza da Natureza


Porque a Dúvida ecoa fulgurante
Naquela charneca adormecida e pura
Inscrita na Lua enorme e brilhante
Apenas nutrida pela tua ternura…

(imagem de semear-frutos.blogspot.com )

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Salvação


Perdi o meu sorriso naquele caminho que não chegou ao meu horizonte de esperança. Procurei nos montes, escondido entre as árvores, no casebre indeciso que o sol abrigou, até no pó da estrada gerado pelo tormento que o vento arrastou…mas o sorriso, não se mostrou! Encontrei, no casebre, um papel amarrotado pelo tempo e atirado para um canto da imaginação, de um lado tinha escrito o lamento, do outro tinha a palavra “não”… Voou sem asas pela lembrança sem malícia…mas do sorriso, nem notícia! Derramei o olhar sobre uma janela aberta, transbordei os sentimentos no interior do salão atormentado, mas os olhos estreitaram-se na palavra incerta, escondida no frasco onde a rosa seca, chorava de mágoas presa numa prisão de arame farpado, esvaída! Mas o sorriso…não encontrou saída! Tomei, então, a liberdade de agarrar no pó dos dias, espalhado na estrada abandonada, e no vento tresloucado da pouca vaidade do ser, acocorado nas ramagens das árvores, e fiz um ninho de sol entrançado de mar... E quando o pássaro da razão se aninhou no bolso de trás das minhas calças velhas e desgastadas, encontrei o sorriso na vontade feliz de uma criança pura, que cura, a minha salvação!