Caminho pelas ruas
em passos arrastados…
Segurando o tempo
nas mãos,
de pés nus, feridos, cansados…
Um gemido sangrento
brota consternado
dos olhos,
revelado pelos grãos de pó
arranhando cada doloroso
lamento…
Na voz trago o silêncio
consumido, velado
no procedimento
normal e sincopado
de quem sofre os resquícios
do vento…temporal
que emaranha
os meus cabelos negros
despenteados
pela solidão
neste desalento
do horizonte longínquo,
frio e atormentado…
E este vestido negro
e rasgado
amordaça-me o corpo desnudado,
febril de pecado,
enredado no arrendado dos dias
cinzentos, amarrotados,
presos na trama dos gritos
cortantes e gelados
da dor
do fado.
Rosa Alentejana
(imagem da net)
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