Sim, são maduras as manhãs de solidão e as suturas que me obrigam a costurar na alma que mordo e arranho pela penumbra da tua ausência…e nessa penitência, sucumbe-me o ar desfeito nos pulmões do desalento, que invade como mar em pedaços a esponja da incerteza, que não cabe mais nos riachos de lágrimas onde me contorço!
Sim, são maduras essas manhãs de nevoeiro cerrado a tule negro que se apodera de mim com o medo forrado a nuvens temporãs…que me cobre com o seu manto e me abraça e abarca o vazio sem luz, sem brilho, mas que me seduz…
Sim, são maduras as manhãs com cheiro a chuva e a terra molhada, que se encerram na janela trancada para o horizonte onde te vejo passar…e pago a promessa de joelhos ensanguentados na fragilidade do chão, carrasco da fonte inversa à escrita do meu pensar!
Ah! Se eu pudesse colher-te as manhãs do olhar suave, poderia morder delicadamente o fruto da chave desse coração…e num gozo eloquente, escrever um poema com o amor da gente, assim…não!
Rosa Alentejana
(imagem da net)

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