terça-feira, 26 de novembro de 2013

A benção


Vivo num Castelo de princesas
Onde há vestidos coloridos
Onde Borboletas de certezas
Pousam em amores proibidos
Pássaros perfumados de esperança
Reais enquanto duram
Vogando na terna lembrança
Perdidos...anunciam...
Uma promessa de beijos quentes
Em colos imaculados
Caindo dormentes
Das bocas dos apaixonados...
Vejo o lenço na mão daquela Princesa
Acenando ao seu belo Bardo
Vejo que ele escreve poemas, alvitra beleza
Respira amor no peito, felizardo
Afagando a doce tristeza
Do queixume
Enciumado…
Porque um certo Príncipe real
Almeja o coração
Da sua Princesa leal…
Ouço as Trombetas vazias
Com música incolor
Nas bocas safadas das aias
Maldizendo aquele amor
Mas o que vejo?
É aquela linda Princesa
Que vive no Castelo Encantado
Demonstrando a sua pureza
Escrevendo um poema
Ao seu Bardo…
Vejo, então, o Príncipe a partir
Triste por não receber o Favor
Ao não saber atrair
Da bela Princesa o amor…
E vejo as aias em sofrimento
Com suas línguas viperinas
Engolindo o fingimento
Voltando às suas rotinas…
Vejo o Bardo com a sua amada Princesa
Passeando pelo jardim de sonhos
Esgueirando-se entre a certeza
E a alegria
Das Borboletas e dos Pássaros
Em plena Harmonia
Do seu abençoado Amor
E eu, estou feliz por viver aqui
Por poder esquecer-me de mim
E cada história contarei
Do princípio ao fim…
Rosa Alentejana

Rosa-dos-ventos

sábado, 23 de novembro de 2013

Pobre menina Rosa


Aquela triste e pobre menina
Que caminha na solidão
Possui uma graça divina
E um enorme coração
Mas ela caminha só na vida
Seu universo é vazio
Suas mãos secas, doridas
Transportam a água de um rio
São seus olhos que choram
Lágrimas doces em silêncio
Pois, em segredo namoram
Outros olhos, em martírio…
Nunca a sorte lhe tocou
Louco é o seu desejar
As suas palavras cuidou
Para jamais se desfolhar
Porque a Rosa da menina
Nada devendo à beleza
Baixa os olhos, peregrina
Escutando do seu amor a certeza…
Certeza de não a amar
De jamais seu perfume querer sentir
Pois, nunca ele a irá desejar
Nem no seu caminho florir
E um dia essa pobre menina Rosa
Que vivia com amor no coração
Secou o rio dos olhos
E morreu…de solidão!

(imagem de pesquisa Google)

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Lareira de brasas frias



Tenho frio até à Alma
Essa que se quer quente
Em forno brando de calor humano
Ou que se senta simplesmente
À beira da lareira saboreando
Um bom livro
Folheando os dias
Como quem olha pela janela do tempo
Chuvoso e triste
Mas mergulhando na imaginação
Da liberdade
Rindo como quem chora
O Presente em brasas
Arrefecidas do agora…
Assim sim!
A Alma fica morna
De esperança…e calma!

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Coração destroçado


Confesso que a saudade me goteja
o cérebro com lamúrias que não quero
ouvir…
Ou, talvez eu esteja no vácuo
de onde não quero sair!
Perdida entre o sonho secundarizado
da prisão da tua eloquência,
virada do avesso nesta louca
impaciência…
De coração destroçado, na noite
enfadonha e fria…
Sem ar ou céu ou alegria…
Na corda-bamba desta distante
imensidão
sorrio um sorriso triste
porque deixei escapar o suspiro
inocente
do luar da minha mão!
Confesso que a saudade
me esvai das forças, que me arrasta
pelo chão…
Que não sinto a sorte madrasta
nas conversas da multidão…
Sinto-me oca de lágrimas e gritos,
estou plena de desilusão,
na dormência do sono que sinto
empresto-me aos dias
sem querer o meu quinhão!


terça-feira, 19 de novembro de 2013

Verborreia

Dádivas


dá-me o cetim dos teus dedos
dá-me a seda e o casulo
onde me refaço sem medos

dá-me o luar dos teus olhos
e esse brilho que me embriaga
de sentidos e reflexos
de mil e uma formas
em gemidos e amplexos,
momentos embebidos
na sedução aos molhos

dá-me o turbilhão
das tuas mãos suaves
no encosto e no arrasto
que me atiça a pele
e em cada vaga
nos envolve…

e o meu olhar...
enfeitiçado, voa...leve

dou-me na erupção
de prazer fulgente,
na certeza deste desejo
tão presente
fincado em mim...
levando-me ao devaneio
que tanto quero
que tanto anseio…

Rosa Alentejana e Rodrigo Lamar

(imagem de pesquisa Google)

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Pedaços de céu



Transborda-me o mel da imensidão
Deste oceano de desejo ardente
Neste delírio de fome incoerente
Que padece desta doce escravidão

Provinda dos teus lábios incoerentes
Quando balbucias a tola perdição
Que é sentir o enorme turbilhão
Da polpa dos meus dedos exigentes

São pedaços de céu rendido
Sem perdão, num terno abandono,
Quando te confessas perdido

No nosso leito de dossel atrevido
Emoldurado por este fulgor profano
Mas revelado no amar desmedido!

Rosa Alentejana


quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Instante



Procuro o instante que me escorre por entre os dedos, feitos de ampulheta, em carne-viva.
E a sede, sôfrega, sabe-me a alfinetes incrustados no olhar…
Percorre-me em passos lentos, de botas cardadas, o silêncio da saudade…
Só quero a calma, como recado da Alma, entregue pelo carteiro, num tempo de pombos-correio, sem hora para aparecer!
Aguardo e baixo a guarda, despida de uniforme, no sinal intermitente e disforme, como quem chora, pela mão do instante em que quero acordar!

Rosa Alentejana

(imagem de pesquisa Google)

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Amo-te

Amo-te
Porque o sol resolveu brilhar sobre a minha sombra, que se alonga, na distância que me persegue. E no prelúdio que se converte em grafia de evasão, percorro o muro, na corda-bamba do coração, tão imberbe, que num salto, visto o vazio e corro!
Amo-te
Porque a lua se derrama sobre o mar de outono em mais uma estação. E a chama do seu olhar lança-me no abandono da falta de razão…martirizando o meu desejar!
Amo-te
Porque o vento alcança constantemente a fonte dos meus pensamentos. E nessa dança, sem compasso, voam-me os lamentos em asas de borboletas, ficando gravados na pedra, sujeita à erosão dos dias, como escravos, subjugados aos grilhões das fantasias!
Amo-te
Porque a noite amanhece sempre que o dia renasce. Tal como este estremecer nervoso se encaixa na fome transbordante do meu olhar…sempre que penso em ti e nas maçãs do teu rosto (que pretendo devorar com beijos das minhas mãos, presas ao laço de cor vermelha a cintilar)!
Amo-te
E não me canso de repetir, nesta voz rouca e atrapalhada, porque me deixas louca! E se uma parte de mim se arrasta sem norte, a outra parte sem ti é nada…vogando ao sabor da sorte!
Rosa Alentejana


domingo, 10 de novembro de 2013

Secreto deleite

Secreto deleite

Brindei-te com o meu olhar
pleno de palavras que nunca te disse,
envoltas em desejar,
aguardando que ele me traísse
e devolvesse o meu vestido
às tuas deliciosas mãos
num instante
desprevenido
numa perfeita submissão…

Ofertei a minha pele à tua boca
como dádiva doce e divina,
martírio de gemidos
que acende e sufoca
o meu desvario e me alucina…

Como forma de agradecimento
e num ato de vandalismo
transportaste meu corpo
num suave tormento
para a beira do louco abismo,
onde as imagens surgiram desfocadas
num prazer imenso e suado
em paladares de bocas delicadas
numa amálgama de corpos em pecado…

Secreto deleite
que nunca nos basta
e que guardamos na penumbra
do nosso leito…
Vinho licoroso e de embriagante casta
que aos dois deslumbra
e ao qual nos entregamos
sem qualquer preconceito!



Corcel alado

O gosto



Cascatas de iluminuras
em forma de cálices
sorvem o ar lúgubre do inquietar
Encontro decisivo entre o teu olhar
impreciso
e a vontade de te beijar!
Foi o mosto do teu gosto
que saiu à toa,
brindando à saúde da sorte
no teu lugar!
Tonto!
Como vertigem sentada
de pernas cruzadas
e olhar ausente
no bafo do cigarro
lambendo o coma perpétuo
do sincronizar!
Traço conivente, recurso da pintura
dolentemente pintada
e a pincelada inerte
do meu despertar tardio…
Alquimia discreta
da crença platónica
para mim, em versos de luar.



(imagem de www.mariajoaodealmeida.com )

sábado, 9 de novembro de 2013

Vazio como a manhã na minha fé



Acordei com a tristeza sentada na beira da cama,
só porque o altar do meu leito estava vazio da firmeza da tua manha…
Consumi a manhã num trago frenético e apressado,
fumando o gesto esquelético e ousado, com as mãos a tremer,
como se o mundo não autorizasse o cheiro a café e canela da tua nuca!
Manchei o vestido com o olhar profundo que ecoa dentro de mim…bolas!
A nódoa trespassou a minha fé!
Agora, vou ter que colocar a rosa na lapela
e mais uma oferenda aos pés do teu vício!
Acho que assim, vou ter de volta o teu olhar
na concha das mãos que escrevo a negrito e na valsa da sobrancelha arqueada…
mas de esguelha! Não vá o diabo conspirar contra os meus passos de dança
e colocar a paisagem vazia na minha sala!
São gestos híbridos, maquiavélicos,
que não me canso de orar antes de sair na tarde do ocaso
de um dia te entender!

(imagem de nofimtudoeumapiada.wordpress.com)