quarta-feira, 30 de novembro de 2016
Faixa negra
Perdidos na teia
que a vida entrançou
Nas asas de aço
um grito ecoando
No breu uma vela
flamejando em vão
Caminho da eira
que a beira esquece
Taça vazia caindo
da mão
Sabor amargo
que a morte entristece.
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)
terça-feira, 29 de novembro de 2016
"Reprise"
Sou da rosa cativeiro
e de Ceres veneranda
de ti tenho o sonho
o cheiro
e a promessa
na varanda
de um tempo colorido
romeiro
que não me sai da lembrança
desce a folha do sobreiro
recolhe da água a dança
e aos pés deposita a justiça
imperiosa
que não vinga
sem esperança
mas
contrasta os tons
sem cinzas
ou não serás mais
que inverosimilhança!
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
Preito
domingo, 27 de novembro de 2016
Zelosos
sábado, 26 de novembro de 2016
Portugal, Portugal...que futuro?
Ah! Meu País de brandos costumes
De homens e mulheres conformados
Ser Português é faca de dois gumes
Tanto somos heróis como somos coitados
Quando usávamos barcos de papelão
Para dobrar as tormentas dos cabos
Ficavam as mulheres com magro quinhão
Alimentando de lágrimas pobres diabos
Mas hoje alimentamos todos os bancos
Cuidamos os ricos e até os afortunados
Aguentamos (se aguentamos!) solavancos
Ficamos felizes sonhando não ser enjeitados
Porque “antes a morte que a má sorte”
E acreditamos que “tudo um dia irá mudar”
E vibramos com a festa, que nos reconforte
A procissão, os foguetes, a banda e o bazar
Das cruzadas ficámos com a cruz dourada
No peito peludo dos homens corajosos
E pagamos promessas de joelhos na calçada
Mas continuamos com os olhos chorosos
Porque a fome ainda grassa pelas ruas
E embora estejamos na época do Natal
Nós, mudos e quedos, mesmo às arrecuas
Procuramos um D. Sebastião… um líder especial!
Rosa Alentejana Felisbela
(foto de Ana Viegas)
Ainda te amo
Desculpa-me a falta de predicados
nas minhas frases sem jeito
e os acentos colocados
sempre ao contrário
nas minhas ideias
saídas do peito
São estas construções fracas
do meu Português ruim
que te idolatram
expondo este amor
que trago em mim
E a ausência de vírgulas
nas frases que eu componho
são pausas que não faço
para o silêncio da tua boca
que sonho
esteja risonha
E quanto ao ponto final
que ignoro, evito, escondo
é o meu desejo guardado
de ter sempre reticências
e a minha forma
de dizer que ainda te amo!
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
Fenix - antologia internacional online
Hoje um feliz acordar :D Mais uma participação, desta vez numa antologia online! Página 45 ;) <3
Convido-vos a ler!
http://www.carmovasconcelos-fenix.org/LOGOS/L23/LOGOS23-Nov2016.htm
Ensejo fadado
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
Perpétua
Os raios solares sobram
e passam pela rede rasgada
enquanto a sombra sucumbe
e dorme no canto calado
da parede caiada
Bebe silêncios na forma curvada
sobre si própria
e a memória, já morna,
escorre pelas lajes carcomidas
e solitárias
Saboreia a ausência de som
num monólogo triste
sabendo que as filigranas,
únicas companheiras,
prostradas nos finos fios
de luz se esvaecem
na transparência que conduz
ao branco exterior
E as mãos encontram finalmente
o frio das grades
ensimesmadas
num desvario cortante
sabendo que o dia acordou
consigo
para mais um banho
de prisão perpétua
em cada verso ou prosa
da sua única
estrada
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)
quarta-feira, 23 de novembro de 2016
Tegúrio da alma
terça-feira, 22 de novembro de 2016
Brisa caprichosa
Só o vento vela as memórias
que as roupas usadas
carregam
só ele apaga
só ele reacende
numa intermitência cerimoniosa
apensa à corda, apensa à mola
regido pela mesma bitola
que a água oferece
e quando o perfume desaparece
na memória que a recorda
apenas um fio se entretece
nesse doce entendimento
entre a roupa e o vento
tornado brisa
caprichosa
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
Vertigem poética
domingo, 20 de novembro de 2016
Perfume a liberdade
sábado, 19 de novembro de 2016
Altercação
A natureza agreste
da palavra movida
pelos lábios
amedrontados
circula redonda
perante a escarpa
aberta da boca
na queda livre
do livre arbítrio
encontra o redemoinho
crispado
do discurso magoado
e afunda-se na fatalidade
das lágrimas
quando volta a emergir
é sopro domado
e suave
planando desde o palato
em voo sereno
na direção
que o leme corrige
a coberto
da primeira emoção
mas se o fundo da maré
mareia as letras
uma a uma
não há sílaba silenciosa
apenas cascata ruidosa
de insensatez
crescente…
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)
sexta-feira, 18 de novembro de 2016
Abraço de memórias
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
Luar de quimera
Ópio de amor
terça-feira, 15 de novembro de 2016
Sombras e luz
Meço minuciosamente
a métrica do dia
com o rigor agudo
da impaciência
e magoa-me a arritmia
cometida pela fala
desligou-se o ruído
da ressalva soletrada
em cada vocábulo
milimetricamente
exigente
e o surto psicótico
atingiu os versos
num eco redondo
do coração
e só a noite acontecia
na exata proporção
de sombras e luz
tudo o mais
eram curvas e ombros
na cãibra vã das entrelinhas
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)
segunda-feira, 7 de novembro de 2016
Elegância da alma
sábado, 5 de novembro de 2016
À mercê de Dali
Cobres-te
com o relógio
morno da noite.
Dás corda ao despertador
sonolento
e espetas os ponteiros,
lavados pela solidão,
nos números ocos
que a esperança salva
todas as manhãs.
Bem sei que os sonhos
sabem ao algodão-doce
azulado da maresia,
e que a areia encarnou
no gosto do caramelo…
Ainda que o golfinho
alado
te carregue na sela,
há uma rédea solta
no teu cavalgar.
Enquanto a salmoura
mantém as tuas pestanas
cerradas,
um vento encolerizado
pelos dedos de Morfeu,
troando as unhas
sobre a mesa-de-cabeceira,
acorda-te o instante.
E o sol, obeso de tanto ouro,
irrompe pela fresta contrariada da janela,
vomitando o pó embriagante
das estrelas apagadas…
Por muito pouco,
o quadro não se abre
por trás da imaginação
e tu
não verbalizas o grito
que a ressaca revela
na utopia do sono!
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)
sexta-feira, 4 de novembro de 2016
Lanternas
Um segundo de amor
Como se os dedos possuíssem as letras
num ato puro de ternura
entre a sombra do eucalipto, nua
e o cheiro da madeira já gasta
e abandonada do banco
solitário
e ainda assim, a boca saboreasse
o gosto do primeiro beijo
sobre as folhas que a árvore segurou
enquanto durou um segundo de amor!
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)
terça-feira, 1 de novembro de 2016
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