sábado, 1 de fevereiro de 2014

Nuvem plúmbea de silêncio


Aquele silêncio queima-me a pele
numa ânsia que não nomeio,
porque me mata e leva com ele
o fumo do cigarro feito de solidão,
que fica na madrugada arquejando
nos dedos trémulos da mão…

Aquele silêncio arde-me nos olhos tristes,
num brilho incolor, em planícies cobertas
de rios de colheitas amarguradas,
infecundas, secas de amor…

Aquele silêncio anestesia-me a mente,
cortando as sinapses nervosas,
de forma inclemente, num abandono
de lágrimas ao vento, gritando, gemendo…

Aquele silêncio mergulha-me no mar alto,
sem pé, sem abraço, sem sorriso,
num cansaço sem fé, ou corda ou laço…
E eu sem ar respiro, sem fé rezo, sem ti…
sou apenas uma nuvem plúmbea de silêncio.

Rosa Alentejana

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