segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016
Semblante alentejano
Pela janela aberta da aurora
Sinto um cheiro bom e intenso
Inspiro um ar puro e propenso
Ao devaneio poético da hora
Bebo o azul do céu com amor
E embriago-me simplesmente
Com a beleza bela e irreverente
Que me dá o alento apaziguador
Afago com carinho o pensamento
Que evoca o calor brando do sol
Acariciando aquele tonto girassol
Girando no seu lento movimento
Ouço o arrulhar manso da rola
Que ao longe canta e então sorrio
Num sorriso brando como um rio
Que nas curvas estreitas se enrola
Também eu parto do meu ninho
Nesta hora que cedo se anuncia
Atrevo-me a fazer uma analogia
Com as asas de um passarinho
Vou voando viva e tão vibrante
Com a felicidade colada ao rosto
Como um dia quente de agosto
Refletido no meu semblante
Rosa Alentejana Felisbela
(foto tirada por mim)
Sinos
domingo, 28 de fevereiro de 2016
sábado, 27 de fevereiro de 2016
Rosas
Ponte
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016
Significado
Arco-íris
Reflexo
Pequenos mundos
Tempo
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016
Antagónicos
Olhar
Afrodite
Pureza
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
Zahir XX
Longos são os oceanos batizados de obrigação
Onde os subterfúgios crescem a prumo e ficam calados
Vasculhando na memória um sumo do fruto
Evadindo o humano para o mundo da vanidade
Mas as margens estreitam-se e revelam o leito do rio
Em que o ludibriar fez nascente, um pleno jorrar…
Mostra-te inteiro, mostra-te pleno, deixa o sol brilhar
Nas sombras cinzentas criadas na Deusa da Fertilidade.
Rosa Alentejana Felisbela
(Imagem da net)
terça-feira, 23 de fevereiro de 2016
Insónia
Derrama-se uma enorme sombra na parede
branca e cuidada do meu pequeno quintal
Ergue-se a lua gigantesca por trás da rede
que separa a minha casa do cerrado canavial
Um gato mia o seu cio de versos em falsete
enquanto os olhos adquirem o brilho infernal
e em 7 saltos dos telhados rumo à parede
vive 7 mortes em 7 tempos, 7 vidas no final
E arrepiam-se os pelos dos braços e da nuca
quando ouço uivar os lobos em sons enfadonhos
Infiltram-se nos ouvidos como música maluca
que atormenta os pensamentos sem quaisquer sonhos
como se só existisse a noite que me magoa e machuca
e me amortalha em pesadelos doidos e tristonhos.
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016
Pasme-se
Pasme-se o poeta com o grasnar do pato
À beira da barreira o musgo e rochas mudas
Que flanqueiam águas em quedas abruptas
Desabando uma vontade de alimentar o regato
Pasme-se o poeta com o voo do pequeno pardal
Sobre as águas obscuras, mágicas e esverdeadas
Guardadoras de achigãs e de carpas malhadas
Onde se vê o brilho d’uma ou outra barbatana caudal
Pasme-se o poeta com a beleza das folhas
Do sobreiro manso ou da larga azinheira
Formando desenhos na sombra soalheira
Que alberga o burro e as suas cangalhas
Pasme-se o poeta com a ladeira íngreme e barrenta
De todos os tons escuros e claros em castanhos
Protegendo as perdizes dos cascos dos rebanhos
Sob o olhar perscrutador da mãe muito atenta
Pasme-se com a vida e com a sorte da natureza
Que inunda os seus passos e as suas mãos
Num emergir de sensações, cores e bênçãos
Propícias para a sua pena plena por tamanha beleza!
Rosa Alentejana Felisbela
(foto tirada por mim)
domingo, 21 de fevereiro de 2016
veneno
Desalento
Colo
Flori
sábado, 20 de fevereiro de 2016
Envelhecidas
Nos tempos amorfos e amargos das árvores
Antigas, injetando a morfina do ópio sem vida
Regurgitava-se na raiz irrisória, sozinha, contida
Alucinando nuvens de nuances como mármores
Construíam-se moinhos de vento, tão ímpares
Com mãos nuas, calejadas pela dor corroída
Tinham-se espasmos de seiva crua, descolorida
Da audácia e arrojo presente apenas nos lares
Nos muros cobertos de musgo, eternos meliantes
Escondidos em vãos de escadas carcomidas
Espreitavam pelas frestas sem barro, periclitantes
Rendidas às intempéries, de tetos desprovidas
Acreditando no Criador viam-se belezas flamejantes
Quando as marcas denunciavam-nas envelhecidas
Rosa Alentejana Felisbela
(fotos tiradas por mim)
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016
"Graal"
Seguro em mim a hipótese académica do verbo surpreso pela reivindicação da proveniência do “se”. Julgo mesmo que a sapiência me reservava há muito o gáudio de algo tão injustificado como isso. Desvendei o mar aberto dos teus planos, como se a tua hipotenusa quisesse apenas fazer parte dos meus catetos, enquanto o reconforto da minha cisma fosse um incomensurável “senão”, dada a lei da gravidade. Foi o teu beijo carregado de oxigénio que permitiu que a minha chama crescesse e cicatrizasse feridas antigas. Foram as tuas atitudes de presença constante que me erigiram o mais alto templo no nosso lar. Agora, seguro a maçã entre as mãos, como “santo graal”, não querendo que apodreça face ao manancial de lagartas sequiosas pela tua polpa. Inspiro e mergulho na profundidade das águas límpidas dos teus olhos, enquanto abro os meus à magia da margem que sempre me espera. Talvez a fotossíntese me ajude a restituir-te ao pomar onde quero recompor-te cada folha, cada nervura, cada raiz fasciculada, para renasceres em flor. Pode ser que o casulo embrenhado no teu abraço não se reconstitua mariposa e a morte não seja um fim, mas um princípio de um ciclo infinito, adocicado. Ah! Como te amo no “continuum” paralelo ao renascer dos dias, onde os “bons-dias” se erguem embrulhados no calor da tua voz quente, sapiente e apaziguadora. Por fim, largo a hipótese académica na certeza de que me curas de qualquer dor, meu sonho suave e sedutor, meu companheiro de uma vida cheia de amor!
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016
Sina branca e digna
Sou ovelha, e o meu maior receio é o lobo
Enredando, ainda que com pele de cordeiro,
Outros tristes mamíferos em grande “afobo”
Pois esse é demasiado incorreto e corriqueiro
Espalho estrume pelos campos e assim os fertilizo
Contribuo para matar a fome ou quem sabe a sede
Mas para isso nunca, em alguma situação, utilizo
Qualquer tipo de armadilha, corda, arame ou rede
Sou ovelha branca daquele rebanho acostumado
Às regras do seu sonolento e pachorrento “moiral”
Que grita e cospe ao vento a sua tristeza, o seu mal
E conta às águas da barragem o seu doloroso fado
Deito-me à sombra do único chaparro do descampado
Onde só cresce a parca erva verde, saborosa e fininha
E recebo a graça de medrar aos poucos, tão sozinha
Como cada um dos torrões de barro infértil e acastanhado
O cão-pastor é quem me morde, mas quem me guia
Para voltar sã e salva para a casa daquele meu pastor
Revoltado, por querer a minha pele para seu cobertor
E a minha carne para alimento de toda a sua família
A minha cama é de palha quente e, por isso obedeço
Doo o meu leite aproveitado para tantas ocasiões
Aquieto dessa forma, outros famintos e novos corações
Entrego a sina ao amor do cutelo a que me ofereço
Mesmo entre as castanhas, as amarelas, todas elas ovelhas
Sou digna apesar da simplicidade por estar entre as brancas
Dentro de mim sobrevivem vidas verdadeiras, as centelhas
Que me ajudam sem nunca ter vivido em abastanças
Rosa Alentejana Felisbela
(foto tirada por mim)
terça-feira, 16 de fevereiro de 2016
Inverno frio e gelado
Sempre te soube pastor, e daí não veio nenhum mal, uma vez que a virtude é guardar as ovelhas e afastar qualquer outro animal.
Sempre te soube pastor de grande rebanho, um pouco tresmalhado pois, as ovelhas iam e vinham, nunca sabendo qual o bocado mais saboroso, ao qual tirar um bocado.
Sempre te soube pastor, e embora outros cães empurrassem as ovelhas para aqui e acolá, ficavam alguns cordeirinhos reclamando o quinhão que julgavam ofertado.
Tarde ou cedo, quis o destino, que tu, pastor pobrezinho, deixasses algumas ovelhas negras, mastigar o matagal errado devagarinho…
Foi quando o cão alarve e arruaceiro, cumpriu a justiça para que foi denominado: rosnou, ladrou, mordeu a mão, deixando-te, pastor, destroçado.
Quis a má sorte que uma ovelha, negra negra como sombra do sol, abrisse a boca num largo balido, e parisse ali mesmo um sapo com pelo…em vez de milagre foi um pecado consumado e consumido!
Agora pergunto-te, pobre pastor, não viste que ela tinha procriado?
Estarias distraído por causa das águas e dos peixes, mergulhando, a brincar, na barragem ali ao lado?
Ou teria sido por causa do vento forte, que empurrando os ramos do sobreiro, partiu bocado a bocado?
Ou seriam os torrões amolecidos pela humidade de um terreno já triste e cansado de tão molhado?
Penso que revelaste onde tens passado o tempo…encostado ao cajado, distraído, ausente, sem ligares ao teu gado…
Tem cuidado pastor, com os lobos que são perversos, pois só de ouvirem um chocalho correm e caçam em alcateia organizada!
Mas não culpes os teus vizinhos, pelo mal encontrado, pois só tens tido carinho, pão e vinho assegurado para o caminho tranquilo que devias ter amado.
Ah! Pastor do cajado em punho, que adormeceste acordado, sonhando com o brilho do sol, com o perfume do mar, com poemas encantados…acorda! Veste a samarra, e os ceifões que o inverno ainda agora foi iniciado!
Rosa Alentejana Felisbela
(fotos tiradas por mim na Barragem do Pisão)
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016
Estrelas
Liberdade
Casa
Flores do campo
Abraço
domingo, 14 de fevereiro de 2016
Ai...
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016
Apenas humanos
Quando o cérebro
manobra as palavras
num zénite obsceno,
solta-se o hálito
desse amor vernáculo.
Ele funciona
como dopamina
no sistema
nervoso do olhar.
Ou como tónico
suavizante da pele.
O elixir que alquebra
o açúcar desejado
ardilosamente
pelo pensamento.
Diz-me a que soa o beijo
quando a vontade
de me ter
se manifesta ao teu ouvido!
Conta-me em quantas gotas
se decompõe
a fragilidade
da paixão quando me olhas!
Seleciona cada vocábulo
e pronuncia-me as sílabas
que a serotonina alberga
para abalroar as tuas intenções!
Depois desata suavemente
o laço que me cobre o ombro
e descuida-me o rosto
com a cor rubra
do véu que tens nas mãos.
Abraça-me o tempo nu,
pois não bastam os minutos
que o relógio despreza.
Restam-nos os momentos
que a verdade amarfanha
e sairmos de nós,
como num conto de fadas.
O castelo impõe-se
no cimo dos montes
e o coração sobe as escadas
em caracol,
tão lentamente
que ainda não sabe gerir
a saturação da privação.
Transgride a pena e cria as asas
que Ícaro abandonou.
Serei o Dragão que queima
os portões da razão…
se secares o rio que transbordou
as raízes aos meus pés.
Quero a palavra mágica
que a gramática
não pode mais corrigir.
Desafiemos o poema,
como se a magia existisse
e não fossemos apenas humanos.
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016
Efabulação
"Planto a imagem vezes sem conta no meu coração, como se assim voltasse a renascer na minha floresta de memórias indizíveis, incontáveis...Como se o segredo pudesse ser reproduzido numa potência elevada ao infinito... Como se o tesouro guardado pudesse transformar-se numa efabulação do meu tato, do meu olfato, do meu sabor, da minha visão ou da minha audição! Simulacro vivido na minha real imaginação..."
Rosa Alentejana Felisbela
E o adeus?
You're the light, you're the night
You're the color of my blood
Segunda-feira é dia da espera
constrangedora do som da palavra
gravada na memória
tão redonda quanto os lábios
conseguem circunscrever – amo-te –
You're the cure, you're the pain
You're the only thing I wanna touch
Never knew that it could mean so much, so much
Terça-feira é dia de espera
uma espera sobressaltada e triste
na medida em que o som
não desce de norte para sul – sobrevivo –
You're the fear, I don't care
Cause I've never been so high
Quarta-feira é dia de espera
remanescente, assente sobre
um escrito que a pedra já gastou
de tanto ser lida – sobrevivo –
Follow me to the dark
Let me take you past our satellites
You can see the world you brought to life, to life
Quinta-feira é dia de espera
desolada sob a sombra das sobras
do dia anterior, forjando a dor
como ferro em brasa
na pele branca, lívida de vida
So love me like you do, lo-lo-love me like you do(…)
Touch me like you do, to-to-touch me like you do
What are you waiting for?
Sexta-feira é dia de recordar o amor
feito do hábito rotineiro às 7 e 45 e a amargura
virtual preenche a manhã,
coloca a mão sobre o ombro
da tarde e acena à noite
um adeus indistinto – sobrevivo –
Fading in, fading out
On the edge of paradise
Every inch of your skin is a holy grail I've got to find
Only you can set my heart on fire, on fire
O sábado já não acorda
com o bom-dia que abarcava toda
a dimensão da casa, como vinho
encorpado, embriagando o corpo do dia – sobrevivo –
Yeah, I'll let you set the pace
Cause I'm not thinking straight
O domingo é um rapto cego
da beira de um café junto ao mar
que já nem respira pela inspiração
de outrem – sobrevivo –
My head spinning around I can't see clear no more
What are you waiting for?
As semanas tornaram-se
num corpo com muitas cabeças
a quem instruíram a azáfama do cuidador,
a quem mais não resta senão
o corrupio diário e a provação escrita
do valor numerário
inerente aos gastos mensais – sobrevivo –
Love me like you do, lo-lo-love me like you do
Love me like you do, lo-lo-love me like you do
Não rezas porque é inútil
essa devoção aos lábios que
redondamente se ausentam nas sílabas
mal pronunciadas do redondo – amei-te –
simulacro dos instantes parcos
em que sobreviveste…
Touch me like you do, to-to-touch me like you do
What are you waiting for?
Rosa Alentejana Felisbela
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