sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Estilhaçada


Não me lembro dos dias de sol,
onde brilhavam as íris
e o ar da manhã,
mal recomposto,
era perfumado de rosas
num bouquet de arrebol…

Esqueci-me da minha memória
na lâmina da ponta da faca afiada,
que lambo,
e rasgo os lábios dormentes,
sem som, sem glória,
magoada!

Esqueci-me que as lágrimas
molhadas de silêncio
tinham pousado nos olhos,
como poetas encerrados
nas barras do vendaval
fictício e infernal.

Perdi-me nos afagos sem lógica
do mausoléu dos dias,
gastos, descoloridos, desidratados,
embaciados pela penumbra nevrálgica
que me cobre o corpo…morno, quase morto.

Agora…aguardo a faísca pronta a deflagrar
pelo brilho do teu olhar…
a fagulha dissipada nas pontas dos teus dedos…
as brasas acesas na tua voz
e espalhadas pela língua de fogaréu do teu céu…

Aguardo que me lembres da vida estilhaçada,
porque não me recordo de nada!
Rosa Alentejana
(imagem da net)

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