domingo, 22 de dezembro de 2013

Suplício de Tântalo



Abre as amplas vidraças da janela:
Repara na sensualidade dos campos
Impregnados de uma doçura tão bela
Que as águas são como pirilampos
A brilhar mansamente em olhos de donzela!

Depois sente o cheiro a sândalo
Da tua Terra tão doce e quente
Qual ambrósia roubada por Tântalo,
Ao Olimpo dos deuses, silente
Tornando a sua beleza quase escândalo!

A seguir imagina o cheiro a rosmaninho
Nos meus campos trigueiros em flor…
Esta é também a beleza do meu cantinho
Quase como o próprio Olimpo, sedutor
Nascido à beira mar, meu doce ninho…

Eu não quero ser sempre castigada
Como Tântalo o foi pelos deuses…
Mas a saudade da tua doçura alada
Torna os meus campos quentes
Quando imagino que, por ti, sou amada!

Depois de tanta doçura em cada lugar
Desejo que sintas o sabor da minha boca
E se não te basta apenas o desejar…
Olha o reflexo da minha alma louca
Sorri, docemente, e volta (a janela) a fechar!

Rosa Alentejana

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