sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Noite fria



Guarda-me a lareira dos teus braços
para me aconchegar
na noite fria do teu olhar,
que eu sinto o sabor do gelo
nas pálpebras das palavras
que ficaram por exteriorizar…

e levanto a sobrancelha negra…
tão negra! quanto o ébano dos teus cabelos,
naquele constante e doce arfar,
que escorria dos teus lábios,
a um palmo do encontro
entre a minha baía e o teu barco
por ancorar…

abro as mãos generosas
para te deixar navegar livremente
porque as bagas dolorosas na boca
sufocam-me os pensamentos
da mente demente…

Ainda assim, sinto saudade
da brisa quente do teu perfume
nos meus cabelos,
quando a lua se deitava sobre a água
da tua boca,
na concha dos teus braços
como se fosse uma oferenda…
um presente…
sem laços!

Foste o porto de abrigo solitário
na solidão dos meus nostálgicos
espaços
nus
de sentidos dispersos na imensidão
da tristeza, toldada pela sombra total
da tua ausência ao meu lado…

Fogo esvaído, esventrado, extinto
no cálice da mensagem profanada
pelo vinho…tinto pelo rubor
do nunca que se detém sem margem…
nesta dor!
Rosa Alentejana
(imagem de olhares.sapo.pt)

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