Ensina-me a ler
o caminho que leva
o caracol,
de cenho cerrado,
franzido,
esforçado
pela rugosidade
da árvore.
Porque leva a marca,
o visco,
no corpo mole
que se arrasta?
Porque não pega
na casca
com mãos de borrasca
e força o músculo
do busto
para chegar
ao sol?
Ele sobe e sofre
revezes
por minutos
horas, dias, meses
e nunca desiste!
Explica-me porquê
se o meu corpo
não lê
o tempo que passa…
Diz-me se dói
quando a aragem
se enlaça
e corrói
a verdade lassa…
Porque a boca
é muda
e eu…preciso de ajuda
para ter essa coragem!
Agora ensina-me
a ler
e a fazer igual
sem nada temer…
Subir, descer
e voltar
e sentir por um dia
que não há mal
na sorte tardia
que quero
receber.
Ou então amarra-me
ao tronco
da árvore
e deixa-me
morrer.
Rosa Alentejana Felisbela
08/06/2018

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