Recolho de novo as palavras
que disse - uma a uma -
como colecionador
dói-me a boca
dói-me a cura
doem-me as frases de amor
perdi gestos
perdi ternura
desfeitos em tanta espuma
amarei num mar de restolho
envolto num mar de bruma
acreditei novamente
que existia a palavra - só uma!
mas do amor existe nada
olhos nos olhos - os defeitos
são mais leves
que uma pluma
não acredito que morro
mais uma vez desarmada
recebi o tiro no peito
de braços abertos
desamparada
e novamente a partida
e novamente sem estrada
recolho as palavras
que disse
com a dor
e mais nada.
Rosa Alentejana Felisbela
21/06/2018
(imagem da net)

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