quarta-feira, 9 de abril de 2014

Pegadas


Ouço as pegadas na areia do tempo
e sei que são as tuas,
embora delas
não tenha qualquer conhecimento.

Sinto-as nas fases perversas das luas,
enquanto a vida vai passando
pelas estações rumo a destino nenhum…

Enquanto dos meus lábios vais provando
o sabor exótico e incomum
do beijo desejado,
do sabor abafado e do suor inventado
no olhar anatómico das minhas mãos…

Mas, mesmo o perfume se esvai
quando a miragem se evapora
no frio da noite intransigente,
pois a ilusão é fogo fátuo que cai
no poço fundo do agora
e onde mergulha e se enlaça
na sorte do sol que passa lá fora,
sem um único olhar sobre o ombro!

Bebo a morfina das lágrimas
oferecidas por Morpheu,
nesta cama de escombros macabros
e aliciantes,
pois mais vale o sono eterno
à vontade dilacerante
que me atira para o inferno!

Ainda assim,
rompo e rasgo o meu destino,
indo ao encontro das tuas pegadas,
erguendo o olhar cristalino
para a esperança
que me impele para a estrada
onde imagino
o nascer de uma nova alvorada.

Rosa Alentejana
(imagem da net)

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