sábado, 19 de abril de 2014

Babel do meu entardecer


Vivo na Torre de Babel
tão perto do céu das tuas palavras,
delírios da cor dos lírios
nas nascentes de nuvens
que desbravas…

Porta aberta por onde espreito
os sonhos de papel
que penetram docemente
o meu leito,
num aconchego
coberto daquele sabor,
típico das tuas frases,
mel de beijo usurpador
que me fascina
nos poemas que fazes!

Envolves-me o corpo esguio
na pálida face da lua,
e eu,
embevecida,
reclino-me
na inércia dessa beleza
nua,
despojada de subtileza,
pois o desejo é lençol de sol
aceso e eu compactuo
com esse enlevo!

Vivo tão perto
desse céu aberto,
desse beijo deserto,
feito de um ato tão natural
e concreto
que me dilacera,
porque é vontade feita de espera
num apelo sem polpa dos dedos…
que nem vejo que me queimo
no pecado tornado dia,
quando me esqueço das horas
e me surpreendo na ousadia
da ilusão
captada no retrato
que me cai das mãos,
sonolentas,
num sonho onde vagueio
em nuvens vagarosas
na torre do entardecer.

Rosa Alentejana
19/04/2014
(imagem da net)

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