quarta-feira, 2 de abril de 2014

O cálice da tentação


Enquanto a chuva cai, subtil
em arrufos desnorteados
com o vento febril,
ampliam-se os lagos
deste nosso (a)mar…

Deixa-me escrever-te nas mãos
os verbos nascentes do meu desejo,
enquanto os lábios
de sofreguidão, dormentes,
tremem sílabas numa vontade
que sinto e vejo…

Marca-me o teu sabor na derme
enquanto o sonho do olhar
se espalha e o sangue ferve
ao ritmo fraco
do suspirar...

Enquanto a tarde se esvai de mansinho
pelos dedos ávidos de tempo,
sinto o sopro do vento
que me segreda baixinho
como é tolo este meu lamento…

Porque é minha a chuva das tuas carícias
e também cada gota da tua atenção,
e são belas as nossas fragrâncias
soltas ao vento, sempre que partilhamos
o cálice da tentação!

Rosa Alentejana
(imagem da net)

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