quarta-feira, 13 de abril de 2016

Rebelião


Já não quero mais lugares comuns, onde a tristeza fez morada. Recuso-me a escrever a ode ao amor, cuja métrica tem de ser simétrica e organizada. A partir deste momento, nenhum soneto me algema! Não volto a escrever nem mais um poema. Sou meliante da estrada da escrita, não do grafema ou do fonema. Vou rogar encarecidamente, que me vendam temas na bolsa de valores, vou penhorar os meus pertences e até o meu jardim de flores! Vou despojar-me das figuras de retórica, oferecer metáforas e versos heroicos. Cuspirei sobre o mar das searas de tudo o que for quadra, terceto e afins. Abrirei a arca dos segredos que a “escrita corrida” tem para mim. Acabou-se a ditadura dos versos e a espada aguçada dos desvarios. Agora só quero pontos de exclamação no meu olhar e temas sérios! Arranquei de mim as nebulosas em forma de rosas, só quero as prosas, apenas as prosas!

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

4 comentários:

  1. Impressionante a forma brilhante com que brincas com as palavras...

    Um beijo!
    :))

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  2. Quer a prosa, e não a poesia, mas sempre a rosa. Lindo*
    Beijo*

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