sábado, 2 de abril de 2016

Quadros incompletos


Quantos quadros
quase pintámos
pelas mãos do luar?

Medito momentaneamente
na metamorfose de cada ocaso
e no deleite das cores
leitosas
derramadas no horizonte
cremoso do nosso abraço.

Ele foi o recorte imaculado
na branca espuma,
o logro que serenou a sombra
de nós
por entre as nuvens.

Depois veio a lua
vertendo estrelas sobre as pestanas
que exalavam mornas sensações
entre o sonho e a realidade
rumorejante das águas.

Ainda houve a flor
da frondosa laranjeira
rejubilante de perfume
na nossa pele

e os gomos de amor
sorvidos de tanto sabor
e sapiência por entre o azul
lascivo das auroras…

Também aconteceu o milho
amarelo regado de instantes
inscritos na voz murmurante
das abreviaturas

um quase marasmo
na brandura das planícies
trigueiras e suaves
dos nossos corpos…

Tantas lonjuras, meu amor,
tantas procuras e tanta sede
pintada em quadros

que nunca
ficaram completos.

Rosa Alentejana Felisbela
(foto tirada por mim)

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