Quem me dera ter o verso soberbo
na ponta dos dedos
e ser o poeta sem eira
nem beira
percorrendo estradas
de searas ambíguas…
quem me dera usar a foice
com a maestria das ceifeiras,
colhendo as espigas
como quem faz amor
com o carinho de cada palavra…
quem me dera debulhar
os sentidos
como quem tira o vestido
à nobreza das águas…
quem me dera moer
ternamente os grãos
como quem dilacera
e morde
e arranha
e venera
a farinha das letras
doiradas pelo sol…
quem me dera amassar essa massa
dos pensamentos fartos,
dos pensamentos lautos
perpetuados pela semântica…
quem me dera matar a fome das gentes
com o pão da poesia
patente da fonologia
da minha língua…
quem me dera beber o calor
das vogais
trocando as consoantes certas
num sotaque quebrado
pela côdea do alfabeto da vida,
e depois sim…
morrer para não mais escrever.
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

Rosa, tem o verso na ponta do dedo.
ResponderEliminarQuem escreve assim com alma, toca o coração de quem lê.
Maravilhoso poema
Beijinhos
Maria
Olá Maria!
EliminarFico muito feliz com as suas palavras...quem me dera! ;)
Beijinhos e muito obrigada!!!
Como vc domina a língua e a arte de poetar, Rosa! Quem me dera ser como vc!
ResponderEliminarBeijo e bom dia!
Olá Renata;
EliminarFico muito grata com essas palavras que me incentivam a tentar fazer mais e sempre melhor!
Beijinho querida e dia feliz para ti! :)