segunda-feira, 4 de abril de 2016

Perduro


Hoje sei que o teu nome
é sombra e sol
na minha alma.

Esse teu nome é o mistério
que a beleza ocultou
nas páginas dos Maiores Segredos
que o “sagrado baú” guardou.

Esse nome habita-me
como manuscrito
gravado na minha ansia pura,
e embevece-me
como um lótus azul
brilhando no silêncio
do meu olhar.

Esse nome é magia e fome
que me arde na saliva…
Ah! Se te pudesse trazer à boca
como pão a levedar
no âmago da solidão,
repartir-te-ia
pelo corpo
até me entranhares as veias
e chegares ao coração!

Esse teu nome é como
luz do farol aceso
no meio da tempestade,
um “templo solene”
nas mãos
da, já gasta, serenidade,
indicando-me o caminho
que percorro sem passos
sem tempo
sem idade…

E mesmo que a chama
estremecesse ao vento,
eu
sempre preservaria
a filosofia pagã
do teu nome entre os meus lábios,
desesperadamente,
porque procuro
o abismo do futuro
na sabedoria dos sábios.

Esse teu nome cativa-me
a carne no som abstrato
que me converte em estátua,
esculpida pelo cinzel da renúncia
do destino,
tremulando
na brandura de um beijo anónimo,
marmóreo,
onde perduro.

Rosa Alentejana Felisbela

(Esculturas de Marie-Paule Deville-Chabrolle)

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