sexta-feira, 6 de maio de 2016

Vanidade ou encriptação (espelho d.arte)


Disseste que a brisa tornaria a soprar melodias belas perante o luar da meia-noite…e eu, para voltar a ouvi-las, parei a respiração… disseste para colocar os olhos sobre as colinas, para não perder o rumo…e eu esculpi a bússola e esperei…disseste que todos os eucaliptos voltariam a ter folhas e a perfumar mesmo sem a tua tez, e eu guardei-a no búzio das águas, num remanso só nosso…disseste que Chronos, embora implacável, nos devolveria a esperança nos girassóis das nossas bocas, e eu virei os olhos para nascente numa promessa de verão…disseste que a sede seria o sofisma dos corpos num encandeamento suave das salivas, e eu bebi os beijos…disseste “dá-me tempo” e eu tirei os ponteiros ao relógio e dei corda à imaginação…disseste que a amizade seria o pináculo, a luz presa ao sul da saudade,
não que era a caverna escura a pulular dúvidas em cascata na vanidade de contact(arte)…

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

2 comentários:

  1. Prefiro acreditar que a amizade é o pináculo, "a luz presa ao sul da saudade". Belíssima construção.
    Beijo*

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