domingo, 29 de maio de 2016

Lago


Há um lago manso
que beija as verdades secretas
transformadas em pedras
marcadas com o X da emoção.

A fonte sagrada brota de uma terra
abençoada pelo néctar que se entranha
numa ebriedade tamanha…que o simples
perfume comove
numa entrega pura, abissal…

Ele acerca-se do improviso profundo,
como negra sombra que renuncia
todas as chagas derramadas no mundo
e emerge a luz, qual tesouro
insubordinado, impregnado de ouro,
que reluz e seduz…

O seu sopro é nenúfar vadio
o seu amor provém do rio, o seu hálito
é narcísico embuste para enlouquecer!

E não adiantam as preces, os trilhos
ou as benesses emaranhadas
no visco escorregadio do musgo
pois, nada fica como antes…

Jamais correrão as águas iguais
num mesmo local. Jamais terão um som igual…

Candidamente afogam a sede
numa saudade monocórdica
delegando a sua semente ao doce salivar…
numa emoção total!

E o ciclo recomeça a cada monção
como se cada gota fosse concreta
e final…

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

1 comentário:

  1. Não é proibido sonhar,
    Nesse Lago Manso
    Sonhei nadar
    Nas asas dum ganso
    Para não me afogar!
    Esse seu poema, é muito lindo.
    O que mais hei-de dizer
    Sempre a vejo sorrindo
    isso é felicidade e alegria de viver!

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