terça-feira, 24 de maio de 2016

Vive ou deixa viver!


Anda, vem ver o sorriso triste
cavado no barro das margens deste rio de nenhures

O rosto é esculpido na lama profunda
que os seixos abandonaram

Anda, vem ver os olhos nublados
de mágoas, onde as nuvens largaram as demoras
gota a gota, como quem chora

Anda, vem ver as faces turvas de torturas
como lutas cegas das águas com as raízes das árvores
onde cada golpe é força que se escapa à tempestade

Anda, vem ver o vazio deixado no lugar do coração
que o frenesim do ninho extinguiu-se nesse meandro
sem asas da imensa solidão

Anda, vem debruçar-te sobre a ventania dos cabelos
que cada erva é vã na nostalgia dos regatos tontos
na verve da agonia por não compreendê-los

Anda, devolve as mãos quentes da epifania do sonho
onde as margens delineadas se expõem
como se o grito se quedasse no eco em constante fenecer

Vive, ou deixa viver!

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

1 comentário:

  1. Você está chamando,
    eu vou mas devagarinho
    para ver no céu voando
    e ouvir cantar o passarinho.

    Alegre quero ver,
    não triste o seu sorriso
    os seus belos poemas gostei de ler
    no que você bem escreve acredito!

    Boa tarde menina Rosa, um abraço.
    Eduardo.

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