domingo, 22 de maio de 2016

Prosódia


Clama o nome
no manuscrito envelhecido
das palavras.

Jamais se concluiu
o anagrama silencioso
dos versos encrespados
à beira dos lábios!

Nunca mordeu o fel
da sua própria prosódia,
mas ainda escuta
a pronúncia dos verbos frenéticos
da loucura
nos poros.

Gosta da morfologia
que adquirem as sílabas
murmuradas paulatinamente
ao ouvido,
quando se incorporam
na líbido do palato.

Mas, o tempo é o términus
da verdade compactada
navegando à bolina
numa frase por escrever.

Porque não rasga o paradigma
e cruza o portal do sonho?

Nem que seja para morrer
da síncope da consoante
cravada no coração
que continua a bater…

Talvez o sorriso nasça
na proa das ondas vocálicas
do olhar
e a sonoridade renasça
pela mão da ironia…

num discurso
onde a voz ativa
seja a luz de um novo dia.

Rosa Alentejana Felisbela


1 comentário:

  1. Já foi há tanto tempo,
    que tudo isso aconteceu
    foi um grito de tormento
    quando a terra estremeceu.
    Foi a Rosa que as escreveu
    essas tão acertadas palavras
    de uma roseira ela nasceu
    com as pétalas perfumadas!

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