Sabes, ainda sinto
a cicuta
do som da tua voz
em cada palavra escrita
na superfície das ondas
nessa cilada perfeita
da leitura do teu olhar
Ainda me sabe a boca
ao mosto do poema
embebido na ironia salgada
que arrastavas
na derme dos dedos
Em vão, vacilo, perante a história
cingida pela cintura
que a sintonia envolvia na vastidão
desse imenso soletrar
Salivo no rosto
o fogo posto
perante esse sabido
desgosto, tão ténue,
mas tão intenso
como a maré desse mar
Ah! Rugido das águas
de encontro às rochas
da desilusão tão certa
da desilusão tão dura
da descoberta
sedimentando sílabas
desgastando a ternura…
O teu poema é fado
perdido de tão encontrado
na orla do tempo
a vagar…
Emerge do sal e sobe
a amurada das minhas mãos concheadas
e lava o veneno das frases
que poluem as areias douradas
e salva o perfume
do búzio que escuto ao longe
num queixume
a naufragar…
a naufragar…
a naufragar…
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

Não tem nada que pensar,
ResponderEliminarescuta a voz de quem te agita
melhor será esquecer essa cicuta
não deixa magoar o seu coração
por quem nele, não acredita.
mais vale ter só um na mão
do que dois pássaros a voar!
Poesia
ResponderEliminar.
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Cada instante da poesia
é uma nova viagem,
mesmo que o assunto
seja o mesmo de sempre...
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Francis Perot