quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Urgências

Hoje levantei o olhar para o mundo prometido,
pela janela aberta à tua pele,
ofertado no cálice obsceno das tuas palavras,
nesse sorriso constelado de profundo mel…

Hoje escutei o ruído que esse olhar faz no céu
e contive aquele suspiro murmurado, enternecido,
que me sufoca a garganta, segredado ao ouvido,
mas mudo, querendo emergir tão suave…meu!

Hoje alarmaram-se os lábios pelo perfume
de aromas cravados na epiderme, a doce pecado,
esvaídos nos dedos que se passeiam no teu lume
corroendo-me nesse vicio de ti… tão desejado!

Cercaram-me labaredas feitas de segundos
de onde a fuga não foi problema de expressão,
mas véus proibidos de sedas e veludos
em rosas carmim bordadas de tanta ilusão!

Hoje caíram-me aos pés os jardins bafejados
das palmas das tuas mãos, e gravei-te nu
no refúgio do calor dos almejados abraços
no mistério silenciado, urgente e cru...

Hoje perdi-me na ausência da paz que me roubaste,
num abrir de lábios que me insinuaste,
num abraço quente… e fiquei sem chão…
para me equilibrar na corda bamba do meu coração!
Rosa Alentejana
(imagem da net)

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