Tenho lendas de lábios
adormecidos nos meus
e um sabor inquieto
de saliva do instante
em que o luar se rendeu
à palavra constelada,
derramada em tons de mel,
da delícia partilhada
no abraço de pele e pó de lua
em que me senti…tão tua!
Ah! Sonho de uma noite
no verão da nostalgia
onde o desejo era pura
fantasia
e as janelas eram prados
chorando copiosamente
pelos fados
perdidos na languidez
das tormentas
Claridade sitiada
no esquadrinhar perverso
de cada verso
das entrelinhas
devotadas em silêncio
ao firmamento
dos corpos…
E o teu corpo desabrigado
partido e desgovernado
nem sorria para o meu
mas eu…
Apenas queria receber
cada pedaço e devolver-te
à vida inteiro,
como se o meu fosse
a substância que faz aderir
cada mágoa,
transformando
esse quebranto
em pura água
do encanto que te fugiu
voltando o teu rosto
a florescer…
Pedi que escrevesses
o solstício do verão
na pele da minha mão,
vagabunda de ti,
onde queria arder
sem ambicionar o perdão,
mas a chuva
voltou a cair…
Agora tenho lendas
de corpos encontrados
no desencontro da nossa fé
porque o mundo
é os nossos lábios
em versos
que já não lês!
Rosa Alentejana
20/05/2014
(imagem da net)

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