sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

O canto alentejano


O canto das terras sem sombra tem planícies a perder de vista, e combina a paisagem com o sol, numa “moda” dolente que encanta quem passa. No recorte do horizonte podem ver-se os sobreiros, as oliveiras, os miradouros, as muralhas dos castelos…Há uma pureza doce de suspiro, no branco mouro das casas térreas, e sopros de memórias nas ruas empedradas. De vez em quando, o perfume da flor da laranjeira assalta-nos os sentidos, produzindo um constante assombro! E os recantos guardados entre as praias fluviais e os eucaliptais tornam-se oásis para a descoberta dos amantes. Até as constelações se tornam mais visíveis nas noites alentejanas, propiciando a contemplação e o romantismo. O som rumorejante dos rios vai abrindo caminhos entre os penedos, na sua busca de mar…Mas quando nos aproximamos do litoral, mergulhamos num azul que inunda a íris, beijando os areais, as escarpas e arribas. Quanto ao paladar, abre-se perante os pratos mediterrânicos, sempre regados pelos vinhos de castas privilegiadas por terem “uvas beijadas pelo sol alentejano”.

Site consultado: https://www.visitportugal.com/pt-pt/destinos/alentejo


Afagos da natureza

Perante o som confesso
da água cristalina a correr
fecho os olhos, adormeço
sinto sem realmente ver

Ouço o som dum avião
ao longe, num ronronar
e acho que é o coração
baixinho, a sussurrar

Ouço o melro e o pardal
uma cigarra e um grilo
certamente no matagal
que sinto e sei tranquilo

Ouço o vento na azinheira
apressado no seu passar
quero entrar na brincadeira
levantar-me e ir cantar

Mas os olhos ficam fechados
numa calma que não se apaga
quero os sonhos bem guardados
enquanto a natureza me afaga

Rosa Alentejana Felisbela

(para escutar)
https://soundcloud.com/user-135078890/programa-o-canto-alentejano-25012017

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