quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Alentejanices...


Lembri-me agora duma coisa p’ra contari…isto quondo agenti nã tem que fazeri, enventa! Quondo é era moça, gostava de m’assentari à roda do lumi com’ás ôtras, porque tava entenguida com frio, e nem mangando é qu’ria sairi. E quondo a minha mãe mal se precatava já é lá tava, nã qu’ria saber de moengas! S’eu gostava de mangar com as minhas tias e comeri o panito torrado e buber o chcolate da ch’clolatêra! Até me esgadanhava por aquilo! Nunca gosti cá de descabeches, mas os meus primos faziom as minhas avós andarem em fezes…elas até d’ziom qu’eles deviam andar à pergunta do siso em vez d’andarem atrás das moças, que isto “quem faz uma panela, faz um testo p’ra ela”, mas eles…faziom-nas assomar à janela e bradar do rijo “Oh Maneliiiiiiiii, oh Antóinoooooo, venham cá (moços dum cabrão)!!” Até eu d’zia “É tléi, isso diz-se??”, e era uma barrigada de rir, tava o balho armádo! E eles ali perto, no pial da v’zinha, mandando bêjos às maganas, à espera duma melhadura ou qu’elas mostrassem um cadinho quanto mal das alpercatas…parvalhões! Às vezes d’ziom “nã me moias, vai-t’embora”! E eles lá voltavom, como se viessem d’emplão, todos envergonhados! E à hora da ceia lá estávamos todos juntos à mensa, comendo uns caces de sopa e eu mangando com eles. Mas depois ia-me dêtari cedo mond’a escola no ôtro dia e já tinha à vondo de tanto riri…
Que sódades destes tempos!

Rosa Alentejana Felisbela
19/01/2017

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