Há uma correnteza de ideias
percorrendo o leito das letras
amargurado pelas certezas.
São doloridas companheiras
aliadas a ausências de verdades
numa complexa torrente…
Mas eis que surges
carregado pelas mãos suaves
da esperança
nos versos que colho
das margens,
como alquimia,
arrolhando sílabas de amor.
Desbravo-te a cor dos olhos,
iço-te bandeira do poente
enquanto os meus lábios
saboreiam o teu nome
salivando…
E os meus dedos encontram
de novo
os teus
num poema
naufragado de fantasia.
Acolho-te nos braços,
perdendo o sentido dos sentidos,
num paradoxo infernal de desejo,
enquanto a maré ininterrupta
da sintaxe
me assombra.
E há um sopro murmurado
ao meu ouvido
que me traz o som da tua voz,
como búzio da memória,
numa velocidade atroz…
E eu absorvo o sonho
e apago-te da folha de papel
porque és um poema
irreal…
Não há rima
que descreva a espiral
das emoções
numa poesia de cordel.
Rosa Alentejana Felisbela

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