segunda-feira, 17 de março de 2014

Sabes?


Sabes que sou eu
a tua estrofe completa
de rimas e sons,
onde a língua se move,
de forma suave
na aliteração predileta
de toques e tons?

Sabes que eu tenho a cor
que te acalma em sossego,
na hipérbole do amor,
quando juntos esquecemos
o medo e nos entregamos
ao nosso calor?

Sabes que sou eu
a margem perfeita
para sustentar o teu rio
pleno do desejo derradeiro,
quando repousas e extravasas
as sílabas em deleite
na escrita do poema
que juntos assinamos
como se fosse
sempre o primeiro?

E sabes
que tenho tudo o que precisas
para o soneto da nossa ligação,
implícito nas letras,
decalcado nas teclas,
no sujeito e no verbo
das frases adiadas
da nossa paixão?

Sabes da leitura recíproca
que se quer entoada na oralidade,
onde o sol se esconde
todos os dias sem dó,
nem piedade!

Entendes o preâmbulo suave
que se coaduna com o pêndulo
do tempo desgastante…
e que apaga o espaço e a tristeza
que invade cada instante…

Se tu sabes e eu sei…
escrevamos nos olhos
a vontade do gesto
que ainda agora…emoldurei!

Rosa Alentejana
(imagem da net)

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