segunda-feira, 24 de março de 2014

Apenas rio


Correm-me as lágrimas
Rio acima
O caudal
E sinto-me no caule
Seiva
Clandestina
Escoada
P’la pele
Em surdina
E no ventre
Ardo
Encharcada
Enquanto o rebanho
Rumina
E a sede se acende
Nos cardos
Se prende
E no caos
Alucina

Correm-me as lágrimas
E tropeço
E no cimo
Rio
E peço
Pois, a ele me entrego
Sentindo o ínfimo
Do toque
Cascata
E ainda assim,
Sorrio
Enamorada

Ah! Sou mundo
Perdido
Profundo
Recluso
Dos teus dedos
Rosados
E embarco nos barcos
Dos teus braços
À deriva
Neste rio de papel
Onde sou pele,
Meu amor,
Sou verso
Sem rede
Em bandeira ao vento
Que flutua
E rasga-se o riso
E nem lamento

E apenas rio
Nascente!

Rosa Alentejana
(imagem da net)

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