sexta-feira, 21 de março de 2014

Primavera


E o degelo do rio das palavras
abocanhou as margens dos corpos
numa saudade sem fim,
de tal sorte, que todas as lavras plantadas
floriram do holocausto, à sede abandonado,
em louco festim!

Percorrendo caminhos sinuosos,
com areias granuladas de sedimentos
na boca salivante e dengosa,
sumarenta de tanto esperar…

Espelhando-se as águas do olhar
incerto
na certeza do naufragar,
espraiam-se os sentidos
ternurentos
nos cumes insinuantes,
num suave vislumbrar!

Ocasos com sabor a pecado
regeneram o fluxo imagético
que escorre da pele,
e num ápice,
num beijo selado,
resumem-se a sílabas
que a força do rio impele…

Sorrisos pousados na nuca atrevida
das montanhas cobertas de sensações
sorvem as cores a papoilas
em forma de primavera…
que se aconchegam, loucas, presumidas,
escutando o murmúrio do vento,
com cheiro a alecrim
do rio que a sorte venera!

Rosa Alentejana
(imagem da net)

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