quinta-feira, 26 de março de 2015

Que lugar?


Existem dias em que o sol
parece esconder-se por detrás
da nossa sombra,
como se o céu refletisse apenas
a escuridão da tempestade
que se avizinha e, ao longe,
os trovões percorressem a linha
entre o breu e a luz.

É nessa altura
que quero beber a vida
de uma só vez e abraçar o mundo,
tu…

Âncora presa à melancolia
de um espaço
que aguardo vezes sem conta.

Avisto-te mastro
do barco que navega
nesse longínquo mar,
maldizendo a minha prosa de dunas,
amurada da morada
que teimas em não ver aproximar.

És parte do silêncio
que arde no sol
derramado nesse marulhar noturno,
bêbado da tristeza dos meus olhos.

Penso-te arte embargada
que o poema expressa,
sem pressa nem tempo
de verbalizar as palavras
guardadas numa garrafa.

E eu fundo os meus dedos
no fundo deste pedaço de papel,
onde amarroto as lembranças
e deito-o novamente barco
na água morna
a que abro as portas
da viagem que tantas vezes quis fazer…

Mas continuas incógnita vaga
vogando
no tímido céu.

E eu?

Que lugar ocupo no suspiro de cada verso?

Rosa Alentejana
26/03/2015
(imagem da net)

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