sábado, 14 de março de 2015

A razão do poema


As minhas mãos são o relâmpago
de palavras caídas sobre o papel
numa azáfama própria de quem,
por inspiração celestial,
quer escrever um poema

Porém, a luz do preâmbulo
aberto pelas tuas mãos
ao estilo de uma letra cuidada
envolve-me os pensamentos
provocando o encandeamento
e receio uma escrita rasurada

Então, sinto o cheiro doce
dos livros abandonados nas
prateleiras e folheio o Olimpo
numa ousada brincadeira
e escrevo-te uma hipérbole
sabendo que para nós
é a primeira

Depois acontecem os versos
nos nossos olhos, na nossa pele,
caiados de sonhos brancos
embriagados pelo vinho carmim
das nossas bocas e a suspeita
de que os Deuses escreveram
de forma errada o texto
onde a língua mata
a solidão!

No trovão do dia inteiro
sinto as fábulas certas de cada
ilusão, em letras cantadas
numa ternura quimérica com sabor
a nada…mas concordo com a chuva
e aguardo o tempo
temperado onde um dia
descubra
a razão do poema!

Rosa Alentejana
14/03/2015
(imagem da net)

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