sexta-feira, 1 de maio de 2020

Só tua


Conheço o gargalo da garrafa de onde bebes, tem o sabor ameno e amargo do céu que invento. Sou a esquina por onde passas os olhos. Sei de cor o hálito onde me deito despudorada. Mudo o som da rádio quando ouço os teus passos a cambalear de indiferença na rua. De um salto, corro para a porta e abro-a. Sou como o gato branco, tenho sete vidas inteiras à tua espera. Seguro-te na testa e aguardo que vomites os ângulos distantes. Depois deixo-te entrar, para te lavar com as delícias e entregar-te um ramo de amenidades. Há um livro secreto que te leio mil e uma vez, para que não te esqueças que sou só tua.

Rosa Alentejana Felisbela
01/05/2020

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