sábado, 9 de maio de 2020

Para ti tudo


Tu não contas as horas dos turnos, contas o material que precisas para ajudar. Não te importas com os cabelos compridos, ou descorados, importa que caibam na touca. Deixámos de te ver o sorriso, porque andas sempre com a máscara. Nem te lembras de sair para ver a tua sobrinha que fez anos, mas queres que o doente se sinta bem quando vai sair. Deixaste de contar as horas que não dormes, porque o dever fala mais alto e os doentes, sim, têm que conseguir descansar. Quando começares a pensar em ti, ainda terás a família à tua espera? Quando te vires ao espelho, ainda te reconhecerás? Quando te deitares numa cama, na tua casa, poderás dormir sem pesadelos? Hoje encontrei-te e trazias nos olhos a vontade daquele abraço amigo, daquele beijo brincalhão, mas ficaste ali, à distância de segurança. Admiro-te pela coragem, pela forma como consegues ser tão audaz, tão capaz, tão altruísta. Admiro-te como profissional a quem, tantas vezes, denigrem a imagem e não te é dado o valor que realmente tens. Sinto muito. Também eu sou imperfeita. Mas agradeço-te, do fundo do coração cada palavra, cada gesto, cada conselho…Não, não te agradeço a amizade, essa retribui-se, e sabes que estou sempre aqui para te ouvir num telefonema tardio, para te dar o meu ombro amigo…simplesmente estou! E sei que também estás. Na alegria, na tristeza, na saúde e na doença…ai espera! Nós não casámos!!! Ahhahahaahahah Nem era suposto. Amigos existem para as ocasiões…
Felisbela Baião
09/05/2020
(imagem da net)








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