domingo, 20 de maio de 2018

Sem razão


Deixo voar a razão
p’las ruas em que acredito
de paredes de cal
de chão empedrado
de telhas do beiral
bendito

pousara o sonho de um dia
preso na voz, preso num grito
quebrado em estilhaços
nos olhos, nas mãos
nos cabelos enfeitados
de laços de magia

E o sangue escorrendo
bárbaro, violento
ensombrando a distância
de gemidos, de abraços
escolhidos p’la força
duma única solidão

Quedo, na rotunda da praça
onde a estátua indiferente
de um amor que foi presente
e hoje não tem solução
abre as mãos à desgraça

segue como vasto rio
pelas aldeias, e vilas
cidades e moradias
num frio amargo, vilão,
desaguando no mar
numa eterna gradação

Rosa Alentejana Felisbela
20/05/2018

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