sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Vinho


Mansamente te recordo
por entre as sombras das parras
maduras
pelo sol a pino

sobre a pele, acelerando-me o sangue
carregado de ternuras
inspirando perfumes
e poemas
deleitando-me os sentidos
em doces branduras

marejando-me a língua
com o teu português
de delícias
nas uvas dos teus lábios
que vou mordiscando suavemente
embriagada
pelo álcool pleno de carícias

nos dedos a sensibilidade
dos magos
colhendo os cachos sapientes
matando e morrendo de saudades
nos bagos ainda
quentes

Recordo-te de olhos vendados
na minha vida, minha sina
és a cepa mais robusta
que tocaram, alguma vez,
as minhas mãos de menina

casta guardada em tonéis
de esperança adocicada
pronta a verter no meu cálice
moldado

poema
prestes a explodir da garrafa
no som abafado
do meu fado

tu inspiras-me
só tu me invades
e me fazes
sorrir!

Rosa Alentejana Felisbela
07/10/2015
(imagem da net)

Sem comentários:

Enviar um comentário