Mansamente te recordo
por entre as sombras das parras
maduras
pelo sol a pino
sobre a pele, acelerando-me o sangue
carregado de ternuras
inspirando perfumes
e poemas
deleitando-me os sentidos
em doces branduras
marejando-me a língua
com o teu português
de delícias
nas uvas dos teus lábios
que vou mordiscando suavemente
embriagada
pelo álcool pleno de carícias
nos dedos a sensibilidade
dos magos
colhendo os cachos sapientes
matando e morrendo de saudades
nos bagos ainda
quentes
Recordo-te de olhos vendados
na minha vida, minha sina
és a cepa mais robusta
que tocaram, alguma vez,
as minhas mãos de menina
casta guardada em tonéis
de esperança adocicada
pronta a verter no meu cálice
moldado
poema
prestes a explodir da garrafa
no som abafado
do meu fado
tu inspiras-me
só tu me invades
e me fazes
sorrir!
Rosa Alentejana Felisbela
07/10/2015
(imagem da net)

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