domingo, 4 de outubro de 2015

Poeta: rei no jardim do seu castelo de ilusão


Atrai-me sobremaneira o malabarismo que as palavras assumem nas mãos do poeta. Elas deixam um perfume a sândalo e inspiração sem quebra de margens no vagar das folhas, como se a condução se devesse ao vento arruaceiro e não às mãos sábias e transformistas do homem! Amo o “flirt” entre o seu acento grave, atónito com a chuva de corações cor de romã madura, e o sorriso indecente na boca amada, como a doce marmelada das frases copiosas com as cores do fim da tarde! São efeitos visuais que o poeta, prestidigitador dos sonhos próprios e dos que o leem, consegue através da sua voz de jogral, empunhando a sua “Excalibur” feita de letras… Apenas ele destrói as armaduras de muros omissos, mais duros que o metal, e sobe os degraus como um conquistador destemido das mentes e grita: amor! Quantas vezes o poeta reúne as suas vivências em torno da Távola Redonda da sua maestria e rasga verbos proibidos ou acaricia a saga das consoantes como animais de estimação… Ele é rei que liberta a pontuação do jugo dos interlocutores, mas também alberga debaixo dos seus tetos o respeito pela “pirofagia” dos críticos de rostos carrancudos! Admiro esse poeta, saltimbanco de ideias, que caminha entre sonetos, quadras, versos soltos ou textos poéticos, tratando-os com a calma que o deleite de uma meia-lua insinua no seu peito…Ele é o eterno amante que não faz refém a palavra, mas que a liberta como pássaro no azul da simbologia. O poeta é o Eco de um turbilhão de ideias consecutivas no jardim do seu castelo de ilusão.

Rosa Alentejana Felisbela
04/10/2015
(imagem da net)

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