quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Oração do meu olhar


Crepitam sonhos desfeitos
pelas paredes brancas
num ritmo infernal

alastram as labaredas
da raiva provocada
pela água menor de idade

queimam-se os verdes
aos gritos do cão
medonho

e cada arfar doloroso
é mais uma acha
para a fogueira

soltam-se lágrimas
da pele sequiosa
e murcha a força nos braços…

cada passo é pedra
rubra nas solas já mancas
de tanto correr

Quem me dera que chovesse
uma chuva de bênçãos
que circunscrevesse
os estilhaços das chamas!

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

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