segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Pasme-se


Pasme-se o poeta com o grasnar do pato
À beira da barreira o musgo e rochas mudas
Que flanqueiam águas em quedas abruptas
Desabando uma vontade de alimentar o regato

Pasme-se o poeta com o voo do pequeno pardal
Sobre as águas obscuras, mágicas e esverdeadas
Guardadoras de achigãs e de carpas malhadas
Onde se vê o brilho d’uma ou outra barbatana caudal

Pasme-se o poeta com a beleza das folhas
Do sobreiro manso ou da larga azinheira
Formando desenhos na sombra soalheira
Que alberga o burro e as suas cangalhas

Pasme-se o poeta com a ladeira íngreme e barrenta
De todos os tons escuros e claros em castanhos
Protegendo as perdizes dos cascos dos rebanhos
Sob o olhar perscrutador da mãe muito atenta

Pasme-se com a vida e com a sorte da natureza
Que inunda os seus passos e as suas mãos
Num emergir de sensações, cores e bênçãos
Propícias para a sua pena plena por tamanha beleza!

Rosa Alentejana Felisbela
(foto tirada por mim)

Sem comentários:

Enviar um comentário