Pasme-se o poeta com o grasnar do pato
À beira da barreira o musgo e rochas mudas
Que flanqueiam águas em quedas abruptas
Desabando uma vontade de alimentar o regato
Pasme-se o poeta com o voo do pequeno pardal
Sobre as águas obscuras, mágicas e esverdeadas
Guardadoras de achigãs e de carpas malhadas
Onde se vê o brilho d’uma ou outra barbatana caudal
Pasme-se o poeta com a beleza das folhas
Do sobreiro manso ou da larga azinheira
Formando desenhos na sombra soalheira
Que alberga o burro e as suas cangalhas
Pasme-se o poeta com a ladeira íngreme e barrenta
De todos os tons escuros e claros em castanhos
Protegendo as perdizes dos cascos dos rebanhos
Sob o olhar perscrutador da mãe muito atenta
Pasme-se com a vida e com a sorte da natureza
Que inunda os seus passos e as suas mãos
Num emergir de sensações, cores e bênçãos
Propícias para a sua pena plena por tamanha beleza!
Rosa Alentejana Felisbela
(foto tirada por mim)
Sem comentários:
Enviar um comentário