sábado, 20 de fevereiro de 2016

Envelhecidas


Nos tempos amorfos e amargos das árvores
Antigas, injetando a morfina do ópio sem vida
Regurgitava-se na raiz irrisória, sozinha, contida
Alucinando nuvens de nuances como mármores

Construíam-se moinhos de vento, tão ímpares
Com mãos nuas, calejadas pela dor corroída
Tinham-se espasmos de seiva crua, descolorida
Da audácia e arrojo presente apenas nos lares

Nos muros cobertos de musgo, eternos meliantes
Escondidos em vãos de escadas carcomidas
Espreitavam pelas frestas sem barro, periclitantes

Rendidas às intempéries, de tetos desprovidas
Acreditando no Criador viam-se belezas flamejantes
Quando as marcas denunciavam-nas envelhecidas

Rosa Alentejana Felisbela
(fotos tiradas por mim)

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