sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Velha espera


Penteio os cabelos, pela manhã orvalhada
Enquanto pérolas escorrem simplesmente
Pelo perfume imaculado que leva o pente
Rumo aos finos fios prateados como seda

Prendo-os num coque como tu gostavas
Disfarço as rugas com um sorriso airoso
Visto um vestido azul, que crias amoroso
Que realçava os contornos que amavas

Calço mais um dia, de solas desgastadas
Vou sentar-me no banco de madeira rosa
Frente àquele jardim da espera dolorosa
Onde me prometeste mãos cheias de nadas

Sinto mais uma vez o cheiro das laranjeiras
Misturado com o eucalipto na ponte por perto
A minha velha memória já não sabe ao certo
Quando nos abraçámos e perdemos estribeiras

Recordo a tua forma de proferir certas palavras
O teu sorriso quando me chamavas “querida”
A blusa que tinhas um tanto ou quanto colorida
Lembrando um episódio de quem tanto adoravas

E volto a ver o por do sol, meu “mel” querido
Transbordando ainda na minha pele morena
Continuo aqui sem nenhuma espécie de pena
À espera de ti, o meu velho amor perdido…

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

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