domingo, 31 de janeiro de 2016

Sinto frio


Sinto frio.

O frio parte-se em miríades
de vontades parcas
sobre as costas da existência
desesperada
entre o que te disse
e o que deixei por dizer.

E porquê?…

Sei que insultei as veias
com cravos que cravei
no pensamento,
por causa dos momentos
de flores murchas
pela melancolia.

Gritei ambivalências
ao músculo que batia
por um pouco de calor,
por um refrão cantado
por ti em flor,
como antes!

Antes de haver um vaso
plantado de chuva inóspita
carregada de ausências.

Antes das vidraças
se tornarem permeáveis
ao vento Norte.

Antes do silêncio se infiltrar
nos lençóis brancos
da minha mente.

Antes do Douro
se juntar ao Guadiana
num oceano criado
pelos sentimentos desertos
no inverno da imaginação
de ouro.

Agora solto as lágrimas
como torrente sem tempo
num preâmbulo
anterior ao nada
e deixo a alma resvalar
para o abismo
da dança de Morfeu.

Está frio.

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

Sem comentários:

Enviar um comentário