Tenho as mãos doloridas da dura enxada
O peito a rebentar de trabalho desde cedo
As costas a arder, toda a fronte transpirada
Os braços a fraquejar em tamanho degredo
Ainda há pouco ouvi o pardal no arvoredo
E a fome bateu-me na hora certa acordada
Pelas migas do tarro, e eu não me excedo
Sonhando com a sorte, talvez um dia mudada
Com um copo de tinto, tinjo as faces cansadas
Sem tempo para mais do que um rápido olhar
Para a planície castanha, as veredas caladas
Num suave suspiro de grilos e cigarras a cantar
Só o rio, ali perto, conduz alegrias murmuradas
Para uma terra longínqua onde um dia vou chegar!
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

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